PROPÓSITO DE ANO NOVO –

Se alguém provocasse uma plateia perguntando: “Aquele que na vida já fez uma lista de compromissos para o ano novo, levante o braço!”. Certamente constataria um acenar quase unânime de mãos. Verdade! Mentalmente ou rabiscadas são elaboradas todo tipo de resoluções no final de cada ano e começo do próximo. É a influência de um novo ano que se inicia incidindo no desejo de dar melhor ordenamento em nossas vidas a partir de então.

Elaborar essas listas é quase uma obrigação, embora sem a preocupação de avaliar como ficaram os desejos programados ao encerrar de cada ano, e descobrir para qual lado pendeu a balança dos propósitos: se para o sim ou para o não. Ainda assim é chegar a última semana de dezembro, e lá estamos com lápis e papel nas mãos e, na cabeça, um rol de boas intenções, procedimentos e metas a serem atingidas. “Desta vez é para valer!” – é o compromisso que todos assumem.

Comparando o conteúdo de cada relação encontraremos propósitos do tipo: começar a dieta, iniciar exercícios, eliminar o cigarro, moderar na bebida, cuidar da saúde, repaginar a aparência, ajudar o próximo, reformar a casa, ler um livro por mês, meditar sobre a Bíblia, trabalhar como voluntário, pôr determinadas coisas em ordem, fazer aquela viagem e melhorar o relacionamento com os familiares.

As metas são elogiáveis, embora não consideremos as dificuldades, conflitos e desafios que se antepõem a elas.  Algumas resoluções resistem às provações da primeira semana ou quinzena do primeiro mês do ano, mas raramente chegam a fevereiro intatas. Os propósitos sofrem reajustes ou adequações do tipo: “Garanto que começo depois do veraneio!” ou, “Não passa do Carnaval!”. Existem os que prometem ajoelhados e de mãos postas: “Juro que após a Semana Santa acabo com a boa vida e sigo à risca os compromissos da lista!”.

Por curiosidade, consultei a minha agenda de propósitos para 2021, no primeiro dia de janeiro deste ano entrante. Dentre aqueles não comprometedores, cito: beber dois litros de água por dia, acreditar na competência de Adenor Leonardo Bachi na seleção brasileira – sim, esse é nome de Tite; torcer para que o América F.C. alcance a série C do Campeonato Brasileiro, poder vacinar meus netos contra a Covid-19 e assistir a um único show de Roberto Carlos sem que ele cante “Emoções”.

E mais: botar fé para acertar uma vez na vida na Mega Sena – se eu jogar, claro! Aprender a ser tolerante com a irresponsabilidade, acreditar em promessa de político, encontrar um local público para estacionar em Natal sem flanelinha cobrando pedágio, assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras – tenho que pensar grande, não é! Nada concretizado, porém, me disseram que Bob Carlos não cantou a tal música no “show” do ano passado.

A verdade é que diante da constatação da saída do ano velho, a expectativa com o ano novo nos desperta a necessidade de sonharmos novos sonhos. Abrem-se brechas para a esperança se apossar do nosso espírito e libertar desejos reprimidos, revisar velhos projetos e até admitir a possibilidade de ver concretizado aquele anseio quase impossível, quem sabe até na forma de um milagre. Afinal, toda resolução é aceitável na entrada do Ano Novo. Que venha então 2022!

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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