Protesto contra a proibição de réveillon em Pipa fecha a BR-101 em Goianinha — Foto: Cedida

Profissionais do turismo e do setor de eventos fecharam uma via da BR-101 em Goianinha, na tarde dessa sexta-feira (18), em protesto contra a proibição dos eventos de fim de ano na praia de Pipa, no município de Tibau do Sul. Uma decisão judicial suspendeu a festa Let’s Pipa, prevista para o período de 27 de dezembro a 2 de janeiro, que teria atrações nacionais como Jorge e Mateus, Banda Eva e Pedro Sampaio.

Pela manhã, o protesto foi realizado na frente do Fórum Municipal Desembargador Danilo Barbalho Simonetti. Os trabalhadores gritaram pela autorização da festa e reclamavam do prejuízo caso o evento não venha a acontecer. “Queremos trabalhar” e “Quem vai pagar minhas contas?”, apontavam alguns dos cartazes.

À tarde, o grupo seguiu para a BR-101 e chegou a fechar a via no sentido João Pessoa-Natal. Comerciantes e hoteleiros também estiveram na manifestação contra a decisão do juiz Witemburgo Gonçalves de Araújo, publicada na quinta-feira (17). “A população está revoltada. Os trabalhadores vieram demonstrar sua indignação com essa decisão”, falou José Odécio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Norte (ABIH-RN), que esteve no protesto.

“O principal motivo disso aqui é a vontade de trabalhar e sensibilizar o juiz, o promotor, para que reveja o decreto e possa deixar que os eventos aconteçam. Da maneira que o decreto foi posto, não pode ter nenhum tipo de evento”, falou Erivaldo Costa Vale, hoteleiro e produtor de eventos. “Não estamos aqui só pelo Let’s Pipa. Estamos aqui pelo setor produtivo, pela minha família, pela família de todo mundo que está aqui. Estes eventos seguem todos os protocolos. Os hotéis, os restaurantes, todo mundo comprou equipamentos, treinou equipe, e a gente quer trabalhar de forma segura”, emendou.

Rogério Bivar é proprietário de um hotel que está com 60% dos leitos reservados para a virada de ano e teme o cancelamento por parte dos clientes. “O Let’s Pipa vem investindo na região há anos e é uma das maiores festas populares de fim de ano do Brasil. É uma cadeia produtiva que vai desde o vendedor de peixe ao grande empresário. Movimenta o município e dá ‘gordura’ para a gente passar a baixa estação. Já viemos em um ano de Covid-19, muito complicado”, contou o hoteleiro. “A decisão vem a oito dias dos eventos particulares, que seriam realizados ao ar livre. É impossível isso economicamente. Vai ser um prejuízo inimaginável para todo o município”, concluiu.

Agentes da Polícia Rodoviária Federal estiveram no local do protesto. A via foi liberada por volta das 16h20 e o trânsito normalizado.

O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Rio Grande do Norte (SHRBS-RN) também lamentou a decisão da justiça que suspendeu as festas privadas de réveillon em Pipa, um dos principais destinos turísticos do país. “Qual a justificativa concreta para essas decisões? O que é preciso fazer para que possamos trabalhar?”, questionou o presidente Habib Chalita. “Estão quebrando o setor de hospedagem e alimentação”, completou.

Segundo Chalita, os setores de alimentação, hospedagem e eventos têm atuado dentro dos mais rígidos protocolos de saúde e, mesmo assim, são penalizados. “Não se pode tratar iniciativa privada como bandido”, declarou.

Uma acidente foi registrado no local. Segundo o motorista de um dos veículos envolvidos, ele parou o carro por conta da manifestação, mas uma carreta, que estava atrás, não conseguiu fazer o mesmo.

“Os manifestantes bloquearam os carros com pessoas. No que eu parei, uma carreta que vinha atrás, não conseguiu parar. Ela bateu e arrastou o nosso carro por aproximadamente 50 metros, nos prensando contra a mureta até que batesse num outro carro que estava na frente. Foi a irresponsabilidade de um motorista de uma carreta pesada em alta velocidade”, disse o médico veterinário Hélio Mendes.

Suspensão

Além da suspensão da festa Let’s Pipa, o juiz Witemburgo Gonçalves de Araújo determinou multa de R$ 500 mil para a prefeitura de Tibau do Sul e os organizadores do evento em caso de descumprimento.

A decisão do magistrado atendeu a um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Norte, que considerou “o novo contexto de aumento de casos provenientes do Covid-19 e uma maior ocupação de leitos no Estado”.

No último dia 11, a prefeitura de Tibau do Sul publicou decreto em que exigia teste de Covid-19 aos participantes de festas e eventos de fim de ano – em locais abertos – na praia da Pipa e nas demais áreas do município. O decreto também cancelou eventos e queimas de fogos promovidos ou patrocinadas pelo município e proibidos shows e festas em locais fechados.

Em relação especificamente ao Let’s Pipa, o juiz considerou que o evento vai “contra as recomendações dos organismos da saúde de âmbito internacional e nacional, bem como as normas aplicáveis neste momento, colocando em risco não apenas o público do evento, o qual contará, inevitavelmente, com a participação de inúmeros turistas brasileiros e estrangeiros, mas a saúde pública em geral”.

“Um evento do porte como o mencionado gerará a movimentação e aglomeração dos habitantes locais para participarem dele, trazendo riscos tanto às famílias do público que pretende participar do evento quanto aos demais habitantes do Município de Tibau do Sul, haja vista a facilidade na disseminação da doença”, diz a decisão.

Fonte: G1RN

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