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Protestos eclodem em Belarus após reeleição de Lukashenko

Manifestantes protestam após a eleição presidencial em Minsk, na Bielorrússia, no final do domingo (9). A polícia e manifestantes entraram em confronto na capital e na cidade de Brest após a vitória do líder autoritário Alexander Lukashenko no seu sexto mandato consecutivo, apesar do crescente descontentamento com seu governo — Foto: Sergei Grits/AP

A capital de Belarus, Minsk, foi tomada por protestos na noite de domingo (09) após o anúncio de que o líder do país, Alexander Lukashenko, havia conquistado uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais e se encaminhava para permanecer mais cinco anos no poder. Considerado o “último ditador da Europa”, o autoritário Lukashenko comanda Belarus desde 1994. Opositores afirmam que o pleito não passou de uma eleição de fachada marcada por fraudes.

Imagens transmitidas por redes internacionais mostraram a polícia lançando gás lacrimogênio, disparando balas de borracha, usando canhões d’água e golpeando manifestantes. Segundo a ONG de direitos humanos Viasna, pelo menos 220 pessoas foram presas nos protestos, incluindo 55 observadores eleitorais. Já o governo afirmou que 3.000 pessoas foram detidas.

Dezenas ficaram feridas. A ONG afirma que tem informações seguras de que um manifestante morreu após ser atropelado por veículo da polícia. A internet do país também sofreu interrupções constantes ao longo de domingo, no que parece ter sido uma tentativa de enfraquecer a convocação de protestos e publicação de mensagens com críticas ao processo eleitoral.

Além de Minsk, protestos foram registrados em outras 20 cidades do país. Especialistas que acompanham a situação política do país afirmaram a jornais europeus que as manifestações parecem ter sido as maiores já registradas desde que Lukashenko assumiu a liderança do país 26 anos atrás.

Os protestos eclodiram após uma pesquisa oficial indicar que Lukashenko havia sido reeleito com quase 80% dos votos, derrotando a candidata Svetlana Tikhanovskaya, cuja campanha deu novo impulso ao movimento de oposição no país.

Segundo os resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira, Lukashenko obteve 80.23% dos votos, enquanto Tikhanovskaya recebeu apenas 9,9%. A votação não pôde ser acompanhada por observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que visa a promoção da democracia e dos direitos humanos no continente. Vários países europeus, incluindo a Alemanha, criticaram o processo eleitoral em Belarus. Nos meses anteriores ao pleito, as autoridades de Belarus excluíram as candidaturas de vários líderes oposionistas.

Tkhanovskaya, de 37 anos, foi escolhida para concorrer depois que as autoridades impuseram forte repressão contra figuras da oposição, incluindo seu marido. O principal rival de Lukashenko, Viktor Babariko, foi preso em junho por acusações de fraude e peculato. Apesar da inexperiência política, ela representou o maior desafio já imposto a Lukashenko. Os comícios dela atraíram algumas das maiores multidões observadas no país desde a queda da União Soviética, em 1991. A candidatura deu origem a um novo movimento informal de protesto.

A reação das autoridades foi reprimir o movimento. Mais de mil manifestantes foram presos desde o início da campanha eleitoral em maio, segundo a ONG Viasna. No sábado, véspera do pleito, mais repressão. Pelo menos nove membros da campanha de Tkhanovskaya foram detidos. A própria candidata se escondeu para evitar ser presa.

Jornalistas também foram detidos durante a campanha, incluindo o correspondente da DW Alexander Burakov. O país aparece na 153ª posição no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, que inclui 180 países.

Mais de duas décadas no poder

No poder desde 1994, Lukashenko de 65 anos,, um ex-gerente de fazenda coletiva soviética costuma ser rotulado como “o último ditador da Europa” por publicações ocidentais e críticos. Sob sua gestão, o empobrecido Belarus, que tem 9,5 milhões de habitantes, é citado regularmente em relatórios sobre abuso de direitos humanos.

Antes da votação, Lukashenko advertiu que a dissidência não seria tolerada e que ele não desistiria de sua “amada” Belarus. “Não vamos dar o país a vocês”, disse Lukashenko, se referindo a seus oponentes, ao falar à nação no início desta semana.

Lukashenko, de 65 anos, é um ex-gerente de fazenda coletiva soviética que governa o país desde 1994.

Na última votação de 2015, Lukashenko declarado vencedor com 83,5% dos votos. Não houve desafiantes de peso e os observadores eleitorais relataram irregularidades na contagem dos votos.

Mais recentemente, Lukashenko também foi criticado por causa de sua gestão da pandemia de coronavírus. Em março, ele ridicularizou o perigo representado pelo vírus como “frenesi” e uma “psicose”. Em vez de impor medidas amplas de isolamento, o líder recomendou à época, sem qualquer base científica, que a população de 9,5 milhões do país empobrecido bebesse vodca e fosse à sauna para combater o coronavírus.

Belarus tem oficialmente mais de 68 mil casos de covid-19 e cerca de 580 mortes. Críticos afirmam que os números foram manipulados e que a situação real é bem pior. Lukashenko anunciou no mês passado que foi infectado pelo novo coronavírus, mas não apresentou sintomas. Ele defende sua gestão da pandemia e afirma que um lockdown teria piorado ainda mais a situação econômica.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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