Após novo blecaute nas 13 das 16 cidades do Amapá, moradores de Macapá e Santana realizaram novos protestos entre 23h30 de terça-feira (17) e 3h desta quarta-feira (18). Segundo a Polícia Militar (PM), foram registradas 9 manifestações nas duas cidades. O estado chega ao 16º dia de apagão.
O segundo blecaute geral aconteceu por volta das 20h30, no estado que vive um fornecimento racionado, através de rodízio de 3 e de 4 horas. O problema começou após um incêndio na principal subestação do estado, no dia 3 de novembro.
Um dos protestos ocorreu na Zona Norte da capital, onde os moradores bloquearam em pelo menos dois trechos a Av. Carlos Lins Cortes, a principal via do bairro Infraero 2. A PM também afirmou em nota que fez a dispersão de 3 princípios de manifestações.
O governo federal declarou que investiga as causas do apagão de terça-feira, e que houve atuação ainda durante a noite para o retorno gradual do fornecimento. Moradores da capital relataram que a energia começou a ser retomada por volta de 22h40, mas com oscilações e falhas.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a energia foi restabelecida já na madrugada desta quarta-feira, e se encontrava pela manhã “no patamar de 80% de sua capacidade, mesmo cenário apresentado antes da ocorrência” da noite de terça. A Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) declarou que o rodízio voltou a acontecer durante a madrugada.
No novo apagão, apenas hospitais, órgãos públicos e estabelecimentos comerciais com geradores não tiveram interrupção.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que trabalhava para restabelecer a totalidade das cargas no estado o mais breve possível.
A Eletronorte detalhou que ocorreu um desligamento da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes, que está fornecendo parte do abastecimento ao Amapá, em decorrência de “um evento externo à usina, provavelmente no sistema de distribuição de energia elétrica”.
Completou que os técnicos restabeleceram a geração na usina e que o fornecimento começou a ser retomado pela CEA e ONS. Esclareceu também que não é proprietária da distribuição ou transmissão de energia para o Amapá.
O MME informou que o sistema elétrico apresentou instabilidade e as causas estão sendo investigadas.
A Linhas de Macapá Transmissora de Energia, concessionária responsável pela transmissão no estado informou, em nota, que não houve problemas no transformador da subestação na capital que fornece o serviço e que o apagão “deve ser confirmado com as autoridades”.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede Sustentabilidade-AP) disse nas redes sociais que “estamos novamente com apagão total no Amapá”. “É urgente um esclarecimento das autoridades responsáveis sobre o que aconteceu neste momento.”
As causas do incêndio que atingiu a subestação de Macapá no dia 3 de novembro ainda são investigadas. Treze das 16 cidades do estado ficaram completamente “no escuro” por quatro dias. No dia 7 de novembro começou o rodízio de energia para 89% do estado.
O ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, chegou a anunciar que o restabelecimento total estava previsto para o último fim de semana, porém a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) planeja que o racionamento dure até 26 de novembro.
A Justiça Federal definiu que a LMTE tem até o dia 25 de novembro para a “completa solução” para o problema.
Na segunda-feira (16), foram descarregados 37 geradores termelétricos que devem garantir, de forma provisória, o retorno de 100% do fornecimento da energia elétrica assim que entrarem em operação.
Ainda não há prazo exato para a retomada integral da eletricidade, pois a previsão depende da avaliação técnica das empresas de montagem dos geradores.
Os geradores, que vieram de Manaus em balsas, vão gerar 45 megawatts de energia. Atualmente, o estado gera um total de 210 megawatts, sendo 70 da Usina Hidrelétrica de Coaracy Nunes e 140 megawatts através do sistema da Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE).
Para garantir 100% do abastecimento e com segurança de reserva de energia é necessária a instalação de um segundo transformador na subestação que pegou fogo.
O equipamento, que estava em Laranjal do Jari, no Sul do estado, chegou em Macapá na madrugada desta quarta-feira, após uma grande operação para realizar o transporte – ele pesa cerca de 200 toneladas. Foram mais de 30 horas de viagem de balsa entre os rios Jari e Amazonas.
A LMTE informou que é necessário verificar se durante o trajeto houve algum tipo de avaria, e que depois o equipamento passará por testes. “A expectativa é que a energia total do estado seja restabelecida até o dia 26 de novembro [um dia depois do prazo dado pela Justiça]”, destacou a empresa.
Atualmente, a estrutura opera com apenas um transformador, também danificado pelo incêndio, mas que foi recuperado no dia 7 de novembro. A LMTE tinha um terceiro equipamento, justamente de reserva, mas ele está em manutenção desde o fim de 2019.
A Rede Globo apurou ainda que, em 5 anos de operação, a subestação que pegou fogo não recebeu uma única fiscalização presencial da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A Aneel esclareceu que a fiscalização do setor de transmissão de energia elétrica ocorre continuamente e tem por base o monitoramento de indicadores de desempenho das transmissoras.
O parque elétrico de geradores que chegou ao Amapá na segunda vai continuar no estado mesmo após a recuperação do transformador da subestação, como retaguarda.
Fonte: G1
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