A PROXIMIDADE GERA AMOR –
Acordo disposto, fumego o gostoso café no fogão herdado e ponho Fagner para curtir.Entre uma notícia e outra nos portais informativos, penso na iniciação que receberei logo mais a noite, no espaço multiespiritual de Swami Prem Hasido, no conjunto Alagamar.
Ainda refletindo sobre o evento recebo um zap de um querido amigo evangélico, que sempre manda umas preces pela manhã e, na paz do Senhor, me deseja um bom dia. Sorri ao ver meus escritos em seu zap, repletos de citações védicas e minhas fotos de Krishna no carnaval.
Durante toda minha vida tive contato com pessoas de todas as religiões e leio a respeito de várias. Quase todas não admitem que outras divindades ou deuses existam. Algumas pessoas acham até que acreditar em algo fora de sua fé, seja coisa demoníaca etc.
Nas relações pessoais sei de seres que pensam assim e são até radicais. Mas a existência me oportunizou aproximação, seja pela ponte do jornalismo, da ação social ou do trabalho comum, proporcionando assim um contato mais íntimo, abrindo a porta da diplomacia, redundando em troca de amabilidades e da conversação amistosa.
Quando isso ocorre – e com o tempo, aquele até então radical vai admirando meu lado família, percebendo o profundo amor que tenho por meus pais, irmãos, esposa, filhos, e por todos os seres, animais e meio ambiente. E vai vendo meu envolvimento com o próximo através da Casa do Bem, minha maneira gentil no trato pessoal, o que vai minando aos poucos seu julgamento sobre minhas preferências espirituais, meu chamego com gurus orientais, de imagens diferentes, doutrinas exóticas e indumentária muito doida.
A quebra do pensamento que pessoas crentes em coisas diferentes, sejam do mal, fadadas ao inferno, que serão o joio, que são perigosas, vai acabando na medida em que existe aproximação, contato, troca de experiências, informações, quando se estabelece o diálogo e se conhece o cotidiano do semelhante.
Havendo isso, o ser até então radical encontra em seus dogmas, doutrinas, textos sagrados, aquelas partes até então escanteadas, que falam do amor ao próximo, da tolerância, do respeito e da convivência pacífica e harmoniosa.
Procuremos então nos aproximar, abraçar, papear, sorrir, só assim perceberemos a unidade na diversidade, e juntos, podemos continuar existindo, cada qual com suas crenças, no espaço democrático do existir feliz.
Flávio Rezende – Jornalista e ativista social