QUANDO ACORDAREMOS? –

Durante algum tempo eu me senti um estranho neste mundo por me preocupar com o que acontece ao nosso redor, enquanto os demais inquilinos do planeta pouco se “lixavam” com os sinais mostrados pela natureza.

Imaginava não causar em ninguém, além de mim, a preocupação com temperaturas exageradas registrados na Terra nos últimos anos; nem pelo quase desaparecimento do Pantanal mato-grossense, tomado pelas chamas; tampouco pelo alerta decorrente das enchentes no Rio Grande do Sul; isso sem falar nos incêndios no México, na Califórnia e em diferentes países da África.

Também não percebi provocar receios na população os efeitos da supressão das camadas vegetais no Brasil, comprometendo a sustentabilidade de nossos biomas; nem diante da tragédia registrada em Meca, na Arábia Saudita, quando 1.300 peregrinos pereceram desidratados perante um calor de 52º C.

Mudei de opinião ao me inteirar de pesquisa recente, efetuada pelo jornal Datafolha, que esclareceu que a quase totalidade (97%) da população brasileira afirma que percebe os impactos da crise climática no cotidiano de cada um. No geral, 77% dos entrevistados confirmaram que as mudanças do clima existem e são causadas principalmente por ações humanas.

A matéria deixou claro que a urgência da questão climática também está no radar da maior parte dos brasileiros. Ainda, segundo o Datafolha, 52% dos entrevistados concordam que as alterações climáticas são um risco imediato para a população do planeta.

Pois bem, saibam que o aquecimento global ameaça a maior estrutura viva do mundo, os chamados tipping points, ou pontos de não retorno do sistema terrestre. São cinco grandes sistemas naturais que já correm o risco de cruzar pontos de não retorno ao nível atual do aquecimento global.

São eles: 1) Recifes de coral de águas quentes; 2) Camadas de gelo da Groenlândia; 3) Regiões de Permafrost – a camada do subsolo da crosta terrestre permanentemente congelada; 4) Camadas de gelo da Antártida Ocidental; e, 5) a Circulação do giro subpolar do Atlântico Norte. Já na biosfera, ante o acréscimo no aquecimento de 2ºC vários sistemas podem tombar inclusive a Floresta Amazônica.

Ciente da ameaça apocalíptica aqui descrita, a massa de brasileiros entrevistada e concordante com o desastre que se avizinha perguntará a este articulista temeroso: “Então, o que fazermos?”. Responderei com sinceridade: “Não sei!”. Na verdade, não sou capacitado para discutir sobre quais providencias efetivas tomarmos.

Porém, posso opinar acerca de atitudes simples decorrentes da mudança de comportamento de cada um de nós que, coletivamente, fariam a diferença. Eis alguns exemplos práticos: reduzir o tempo de banho; separar o lixo; utilizar menos sacolas; usar embalagens orgânicas; controlar o uso de energia elétrica; trocar aerossóis por sprays; separar baterias e pilhas do lixo doméstico; e, por aí vai.

A preocupação que tenho não é mais comigo, ela se prende agora aos meus descendentes e semelhantes, para os quais desejo que continuem apreciando a pureza do amanhecer e a nostalgia de um pôr do Sol durante muitos outros anos. Mas, para isso ocorrer é necessário que acordemos.

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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