QUANDO GOVERNO E OPOSIÇÃO PODERÃO UNIR-SE – Ney Lopes

QUANDO GOVERNO E OPOSIÇÃO PODERÃO UNIR-SE –

Por duas vezes no passado foi tentada a revogação de uma inexplicável regalia fiscal, que só beneficia os aplicadores financeiros “super ricos”.

Trata-se da regra aplicável aos “fundos exclusivos de investimento”, que só pagam Imposto de Renda (IR) no resgate dos recursos, que leva anos.

Os fundos exclusivos oferecem oportunidades de investimento favoráveis para os mais ricos, tributando os rendimentos somente apenas quando distribuídos.

Tentativas de tributá-los foram feitas por governos anteriores, sem sucesso.

Ao contrário, em fundos tradicionais, não exclusivos, há incidência do chamado “come-cotas”, taxa cobrada duas vezes por ano sobre os rendimentos.

O planejamento sucessório é outro privilégio do fundo exclusivo.

Nesse caso, é mais fácil fazer a transferência de cotas, em vez de dividir os bens e direitos de modo individual.

Além disso, as cotas podem ser doadas em vida, evitando problemas futuros com o inventário e com a distribuição de bens.

A tributação dos fundos exclusivos poderia gerar uma arrecadação de R$ 10 bilhões por ano.

Em 2017, no governo de Michel Temer, houve uma tentativa de mudar a tributação sobre os fundos exclusivos.

Uma medida provisória chegou a ser assinada com essa determinação, mas enfrentou resistência no Congresso e não foi adiante pela ação dos lobbies.

Em 2021, o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, também incluiu proposta de tributação de fundos fechados no projeto de reforma tributária, estimando arrecadação anual de R$ 15 bilhões.

Não prosperou.

Contra a medida sempre surge o terrorismo fiscal dos lobistas, anunciando grande evasão de capitais para o exterior, se a regra atual for alterada.

Pura ameaça.

A todos interessa preservar uma parcela de capital no país onde reside.

E se optar pelo exterior, poderá ser taxado, diante da tendencia global de fiscalizar “paraísos fiscais”.

Agora, o assunto volta com o propósito do ministro Fernando Haddad implantar a mudança, antecipando parte da reforma do IR, cuja proposta só deve ser enviada ao Congresso no fim do ano.

O objetivo é aumentar as receitas e alcançar o déficit zero em 2024, uma das premissas do arcabouço fiscal.

O governo pretende aumentar a arrecadação federal entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões, através de benefícios tributários revisados, cobrando impostos de setores que hoje são isentos, por falta de regras.

Essa é uma proposta, que significa maior justiça social.

Espera-se que seja uma oportunidade de unir governo e oposição.

 

 

 

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino Americano; ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal;  procurador federal, nl@neylopes.com.br

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,3920 DÓLAR TURISMO: R$ 5,6980 EURO: R$ 6,3310 LIBRA: R$ 7,2050 PESO…

1 dia ago

Protestos da Geração Z derrubam mais um governo, desta vez na Bulgária

O premiê da Bulgária renunciou nessa quinta-feira (11) após protestos em massa liderados pela Geração Z…

1 dia ago

IBGE prorroga inscrições em processo seletivo com mais de 200 vagas no RN

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prorrogou até a próxima quarta-feira (17) as…

1 dia ago

Filho de sargento denuncia ter sido agredido por militar dentro de quartel do Corpo de Bombeiros em Natal

O filho de um sargento do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte denunciou…

1 dia ago

Câmara aprova lei que autoriza prefeitura de Natal a pegar empréstimo de R$ 660 milhões

A Câmara Municipal de Natal aprovou nesta quinta-feira (11), em regime de urgência, um projeto de lei…

1 dia ago

Metrópole Digital da UFRN oferece 59 vagas para profissionais e estudantes de TI e design; bolsas são de até R$ 6,2 mil

O Instituto Metrópole Digital anunciou a abertura de um processo seletivo com 59 vagas para…

1 dia ago

This website uses cookies.