Quatro pessoas ligadas à máfia italiana Cosa Nostra, que atuava no Brasil, em especial no Rio Grande do Norte e na Paraíba, foram presos nesta semana em uma operação na Itália. Os nomes dos investigados presos não foram divulgados.
As prisões foram desdobramentos da Operação Arancia, deflagrada em agosto deste ano pelo Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte e pela Polícia Federal para investigar lavagem de dinheiro da máfia no Brasil.
A investigação teve apoio do MPF -RN, que conduz as investigações no Brasil e divulgou a informação nesta quinta-feira (10). Segundo o MPF, um dos chefes da organização criminosa atuava no RN.
Os investigados foram presos nesta semana pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e transferência fraudulenta de valores.
“Essas pessoas denunciadas participavam de uma organização criminosa tendentes a lavar dinheiro da máfia italiana”, explicou o procurador da República no RN Fernando Rocha, que reforçou que os investigados faziam “aquisição de bens para poder afastar os bens dos ativos do crime organizado”.
Segundo o MPF-RN, também foi determinado o bloqueio de mais de 350 mil euros (o equivalente a R$ 2,1 milhões) e de bens de nove empresas que operam nos setores imobiliário e de restauração, localizadas na Itália, na Suíça, em Hong Kong e no Brasil.
Em setembro, o MPF denunciou nove pessoas – seis brasileiros e três italianos – por lavagem de dinheiro da máfia italiana no Brasil, dias após ter deflagrado a Operação Arancia.
Os três italianos denunciados foram: Giuseppe Calvaruso, Giuseppe Bruno e Pietro Lagodana – os dois últimos estão presos no Rio Grande do Norte. Pietro Ladogana, inclusive, foi condenado pelo assassinato do compatriota Enzo Albanese, em Natal, em 2014.
Já Giuseppe Calvaruso foi preso em 2021 ao retornar para a Itália. As esposas dos três também estão entre as pessoas denunciadas pelo MPF.
Segundo o MPF, o esquema do grupo criminoso resultou na lavagem de capital ilícito de, pelo menos, R$ 300 milhões desde 2009.
De acordo com o MPF, as quatro prisões desta semana foram um desdobramento da Operação Arancia, que mirou a ramificação da Cosa Nostra no Brasil – especialmente no RN e na PB. Como resultado, um empresário, Giuseppe Bruno, considerado um dos chefes da organização, foi preso no Brasil.
Segundo o MPF, as evidências coletadas indicaram que a máfia italiana utilizou empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilícitos, que eram provenientes de atividades criminosas internacionais.
Segundo o MPF, é estimado que a ramificação do grupo no Brasil tenha realizado a lavagem de aproximadamente R$ 300 milhões desde 2009. O dinheiro era usado para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e financeiro brasileiro.
As cidades de atuação no RN eram Natal, Extremoz e Ielmo Marinho, e na Paraíba, Bananeiras.
As autoridades italianas estimam que o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em valores atuais, o que equivale a mais de R$ 3 bilhões.
“O dinheiro foi transferido da Itália para o Brasil por meio de complexos mecanismos de lavagem de dinheiro, passando, em muitos casos, por contas correntes localizadas no exterior”, afirmou o comunicado.
No dia 17 de setembro deste ano, o MPF denunciou três italianos e seis brasileiros por envolvimento nos crimes de organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro para a máfia italiana. Além da condenação dos envolvidos, o MPF pediu à Justiça brasileira a manutenção da prisão preventiva dos líderes da máfia.
Dois deles já estão presos por outros crimes: Giuseppe Calvaruso, sob custódia na Itália, e Pietro Ladogana, que cumpre pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal. O terceiro italiano apontado como chefe do grupo, Giuseppe Bruno, também foi preso no Brasil.
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