QUE BELO EXEMPLO –
A vida, no seu dia a dia, no seu cotidiano, nos mostra e nos incentiva mais e mais com os seus bons e belos exemplos. As pessoas e as idades nem sempre obedecem as mais corretas linhas de aparências.
A idade biológica, ora se sobrepõe à cronológica e vice-versa. Na verdade, é que carregamos genes que são responsáveis por essas nuances da vida. Entre nós, muitos ainda jovens amolecem, atrofiam literalmente e se entregam ao ócio; outros se sustentam nas garras e nos tentáculos da longevidade, por meio da atividade física e intelectual: são “duros na queda”; pontos para eles.
A população de idosos (hoje considerada a partir de 60 anos – OMS) vem crescendo muito. Hoje a aposentadoria compulsória chega aos 75 anos. Deu um bom e saudável salto! Crédito para os “velhinhos”.
Vivenciamos e caminhamos em uma nova estrada do tempo. Os mais experientes passaram a ter mais tempo e oportunidades para transmitir os seus conhecimentos e conviver mais com os jovens e ávidos aprendizes. Que bom!
Em uma das minhas chegadas para o trabalho salutar e pós aposentadoria, me deparo, na manhã cedo e fria da cidade, com um senhorzinho conduzindo uma longa carroça, apanhando e catando sacos e mais sacos de lixos. É o seu ofício, sua labuta diária. Parei e fiquei a observar e admirar: um senhor idoso, de estatura mediana, de boné na cabeça, vestido humildemente; ativo e de semblante aberto. Perguntei a sua idade, me respondeu: 94 anos. Me surpreendi, não aparentava. E continuou: acordo às três horas da manhã e começo a minha jornada de trabalho; é a minha vida, me sinto feliz, muito agradecido a Deus. Já caminhei hoje uns oito km. Não penso jamais deixar essa minha “distração”, que tanto me dar forças na vida.
E saiu na sua incessante busca de mais sacos de lixos, se sentindo ativo de corpo e alma, demonstrando prazer no seu ofício.
A satisfação, o brilho nos olhos do anônimo senhor catador de lixos, me invadiu, mexeu no meu visceral, acendeu
e interligou os meus neurônios; me deixou feliz e incentivado para seguir como ele, na caminhada pela estrada da vida em busca da felicidade pelo trabalho. Que belo exemplo!
Berilo de Castro – Médico e Escritor, [email protected]