QUE RUFEM OS TAMBORES… –
Com o coração pesado, observo as recentes postagens nas redes sociais relacionadas ao processo eleitoral da SAMBA (Sociedade dos Amigos e Amigas do Beco da Lama e Adjacências), entidade responsável por fomentar eventos culturais e gastronômicos no centro de Natal. Palavras agressivas, ataques desnecessários e a falta de respeito abalam profundamente o sentimento de união, atingindo diretamente a essência do Beco da Lama. A beleza dessa comunidade, erguida com tanta dedicação e amor, está sendo ofuscada por rivalidades de ego e poder. Infelizmente, percebo a comunidade do Beco se fragmentar devido às eleições, com ataques infundados e gratuitos. A arte, a música e a cultura que nos conectam estão sendo eclipsadas por conflitos que ferem a alma desse rico berço cultural.
Certamente, o Beco da Lama é considerado um Patrimônio Cultural da capital potiguar, sendo um local onde a tradição se mescla com a modernidade. Em tempos de divisões, é essencial, mais do que nunca, nutrir a união, a empatia e a positividade. O Beco da Lama é um espaço acolhedor, onde todos são recebidos, e a arte nos une. Assim, acredito que não seria irrealista imaginar que as eleições possam ser uma etapa de reflexão e de reforço dos nossos vínculos, tornando-se um marco em que possamos reafirmar os princípios que nos orientam: respeito, solidariedade e apreço pela cultura. Estou convencida de que, juntos, podemos criar um ambiente ainda mais forte e vibrante.
As eleições da SAMBA representam um ponto vital para determinar o futuro do Beco. É comum haver opiniões diferentes, mas a maneira como essas opiniões são comunicadas revela muito sobre nossa natureza. As palavras possuem a capacidade de edificar ou arruinar. Ao optarmos pela hostilidade, prejudicamos não apenas os participantes do processo, mas também abalamos a essência do Beco. Pensando por este viés, entendo que devemos eleger sim, uma nova diretoria da Sociedade dos Amigos e Amigas do Beco da Lama e Adjacências, com o comprometimento genuíno em preservar a história e em construir um futuro ainda mais brilhante para aquele espaço efervescente de troca de ideias e descontração, de encontros e transformações metamórficas.
A arte e a cultura que celebramos lá devem germinar em um ambiente de respeito mútuo e diálogo. É doloroso ver que, em um momento tão importante para o futuro da comunidade, a discordância se manifeste de forma tão agressiva e grosseira, quiçá desrespeitosa. Sonho com um processo eleitoral que reflita a beleza e a força da nossa cultura, um momento em que as ideias sejam debatidas com respeito, onde a diversidade seja celebrada e onde o objetivo comum seja sempre o bem do nosso querido Beco. Que possamos superar essas divergências e juntos construir um futuro ainda mais próspero e vibrante para a nossa arte, para a nossa história e nosso lar.
Acredito que todos nós desejamos um Beco bem mais fortalecido. Para alcançarmos esse objetivo, precisamos agir com responsabilidade, com respeito e com o coração aberto. É hora de refletir sobre o tipo de comunidade que queremos construir: um Beco da Lama onde a arte cresça em um ambiente de paz, diálogo e colaboração. Insisto em dizer que podemos conduzir este processo de maneira a honrar a história e a tradição deste maravilhoso espaço cultural. A falta de respeito e a agressividade não condizem com os valores que sempre defendemos.
Deixemos de lado as diferenças e unamo-nos em torno de um objetivo comum: preservar e fortalecer a nossa cultura, garantindo que o Beco da Lama continue sendo um espaço de inspiração e de encontro para todos nós. Acredito que a arte e a cultura têm o poder de transformar vidas e unir pessoas. É por isso que o Beco é tão especial para mim e para tantos outros: É um lugar onde a criatividade flui livremente e onde nos sentimos acolhidos.
Cuidemos em superar essas divergências e eleger uma diretoria que esteja comprometida em fortalecer a comunidade, promovendo arte, cultura e valorização do nosso espaço histórico. Que o Beco da Lama continue sendo um farol de esperança e um símbolo da união dos artistas. Eu acredito ser possível realizar um processo eleitoral mais digno e transparente; um processo que valorize a diversidade de ideias e que nos permita escolher a melhor opção para o Beco da Lama. Creio que possamos construir juntos um espaço mais justo e democrático para todos.
Sim, sonho com um beco onde a arte e a cultura se desenvolvam em um ambiente de respeito e união. Desejo do fundo do meu coração que esta eleição e as próximas sejam um exemplo de democracia; onde as ideias sejam debatidas com civilidade e o bem comum esteja sempre em primeiro lugar. Afinal, o Beco da Lama é muito mais do que um espaço físico: é casa, refúgio onde a música, a dança, a poesia e todas as versões artísticas se entrelaçam para formar um tecido riquíssimo de afetos e memórias.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora dos livros As Esquinas da minha Existência e As Flávias que Habitam em Mim. crô[email protected]