QUE VOLTE A TRIUNFAR –
Épocas passadas; década de 1960, tempos do futebol potiguar bem vivido, bem assistido e muito bem praticado. As competições que envolviam o certame oficial da cidade, eram sempre disputadas nas noites das quartas-feiras e nos domingos à tarde.
A cidade, nesses dias, se vestia, se envolvia com um manto da alegria; muita festa e muita esportividade. Passeatas e mais passeatas, eram realizadas, nas manhãs que antecediam os jogos. A cidade parava literalmente. Um detalhe merece ser louvado: sem brigas, sem discussões e sem crimes.
A tarde, nos domingos, o sol ainda quente, começava uma verdadeira procissão rumo ao velho Estádio Juvenal Lamartine; um formigueiro de torcedores com suas bandeiras preferidas. O estádio, abria cedo, e já tomava um bom público para assistir e vibrar com um excelente e disputado jogo preliminar.
O jogo principal tinha inicio às 16 horas, com a casa cheia e o sol baixando sobre o rio Potengi. Bela visão crepuscular. O campeonato era disputado em três turnos, com as seguintes equipes: ABC, América, Alecrim, Atlético, Riachuelo e Santa Cruz. Até o ano de 1962, os finalistas já eram antecipadamente anunciados: ABC e América.
No ano de 1962, o time do América ainda se encontrava afastado das competições oficiais da cidade. Em seu lugar, na briga pela disputa de títulos, surge e sobe o Alecrim FC, comandado pelo seu guerreiro maior, o bem sucedido comerciante João Bastos de Santana (Seu Basto), coadjuvado por Brás Nunes, Renato Pereira, Dr. Severino Lopes, Albanir e outros abnegados.
O seu treinador Geleia, aproveitou boa parte da elite de jogadores do time americano, e juntou-os aos jovens e veteranos jogadores já existentes no elenco alecrinense. Assim, resultou em uma formação forte e aguerrida equipe.
Bem estruturada e bem centrada, parte para o confronto e enfrentamento com o time detentor de maior número títulos de futebol do Estado, o ABC FC. Com o resultado de um bom trabalho, o Alecrim, passou a desenvolver um futebol de altíssimo nível técnico, chegando ao título de campeão da cidade do ano de 1963. Glória, glória, glória esmeraldina!
No ano seguinte (1964), muda o comando técnico, assume o “mago” Pedrinho Teixeira ( Pedrinho 40), que manteve o mesmo rítmico e espírito de vencedor, com adição de poucos reforços. O feito se repetiu, e novamente a Taça foi erguida com muita pompa pela equipe do bairro mais popular e populoso da cidade.
Éramos bicampeões da cidade! Fato inédito para uma simples e esquecida equipe representante do bairro do Alecrim.
A festa rolou até a altas horas da madrugada, com desfile pelas principais ruas do querido bairro da cidade: os louvados, abençoados bicampeões: Manoelzinho, Miltinho, Orlando, Berilo e Jacio João Paulo (Ilo) e Caranga; Zezé, Osiel, Galdino ( Paulo Geladeira) e Ferreira ( Furiba). Treinador: Geleia. Saudade e lembranças inesquecíveis de uma época memorável. “Alecrim/ Clube do povo/ Campeão dos campeões/ Serás sempre o mais querido/ Pelo nossos corações / Eu me orgulho/ Em ser da terra potiguar/ Quando vou para o estádio/ Vê o Alecrim jogar…”
Boas, inesquecíveis e saudosas lembranças.
Viva para o Alecrim FC, para o seu hino, seu bairro e sua gente; com o desejo que o seu passado se faça presente hoje. Muita longevidade e que volte a triunfar!
Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal