Carlos Alberto Josuá Costa

“-Vovô, errei de novo!”

 – Calma Lucas, veja onde deixou de acertar, e persista na superação.

Cresci ouvindo que – ‘Errar é humano, perdoar é divino’- sem a preocupação de analisar o que se esconde por trás desta “verdade”.

Mas agora, avolumado de juventude, me permito fazer indagações as mais diversas.

Identifico claramente três tipos de erros: o material, o acidental e o moral.

Também identifico o que chamamos de “busca pelo acerto”.

Uma situação envolvendo o conhecido Thomas Alva Edison, inventor e cientista, segundo contam como verdadeira, que em 1879, para chegar ao que se chamava lâmpada elétrica incandescente, ele errou 99 vezes e só acertou na centésima vez.  Dá pra acreditar neste cabalístico número?

Voltemos ao tal do “erro”. Na matemática e na estatística ele é até previsto, mas nunca certeiro. É comum, de início, estipular esse “erro” para as respostas a que submeto certas condições desejosas de sucesso. Se o erro está dentro do intervalo estipulado, não é tão errado assim. Logo para o erro há tolerância, desde que ele não fira os princípios do respeito e da responsabilidade com o indivíduo – o homem.

Esse é o único erro calculado que conheço. Qualquer outro tem consequências não previstas. E essas consequências poderão ser administradas (sanadas com um “preço” menor) ou desastrosas (“preço” maior) a quem comete e a quem sofre os resultados infelizes.

Fora as casualidades que contribuíram para o bem-estar humano, na esfera científica, caso da descoberta da Penicilina, tudo o mais é a busca incessante do resultado satisfatório. Noventa e nove, 80, 50, 130 vezes são meras pretensões de quantificar o incansável tempo da pesquisa.

Se “errar” é humano, a quem está ligado o “acertar”?

E mais, se para o erro humano há o perdão divino, que é uma prerrogativa de Deus, como o perdão poderá estar acessível ao homem sendo que este é imperfeito?

Claro que eu errei e continuo errando, mas tenho um sinalizador na consciência, quando erro, um alerta dispara. E isso me traz uma sensação de incômodo que me maltrata imediatamente.

Erramos em muitos momentos da caminhada, mas o que me pergunto é: por que erramos?

É sabido que o homem é um ser inquieto e esta condição tem proporcionado tanto sua evolução, como também o estado que não progride ou evolui pela teimosia inconsequente.

Então temos o “erro” já errado e o “novo erro”? Como?

Mesmo conhecendo todos os percalços dos erros cometidos por outros, ainda assim preferimos experimentar o nosso próprio erro. “Deixe-me errar, o que é que tem? Sou eu que estou errando, não é você!”

O que fazer com o erro? Só errar não leva a nada, temos é que aprender com os erros já conhecidos para não repetir eventos já testados. Não é fácil identificar a causa do erro, mas é preciso.

Compreender por que algo não deu certo leva-nos a discutir o erro em si. Na maioria das vezes, pautamos em cima do agente do erro, atingindo a pessoa com críticas generalizadas que não leva ao verdadeiro e fundamental ensinamento.

A ação, a comunicação e a omissão, são fontes geradoras de prováveis erros, que poderiam ser evitados. Se apoiarmo-nos simplesmente em “todos erram”, causamos a impressão que o erro não existe. No entanto existe e persiste se não for percebido.

Atitudes impensadas em que agimos por instinto, para pensar só depois, nos colocam em situações desagradáveis.

A estante da vida comporta muitos tipos de erros.

Erros de escolhas, de trajetórias, de relacionamentos, de planejamento, de amizades superficiais, de invejas, de egoísmos e de omissões.

 Como também, de não acertar, de amores não experimentados, de ciúmes desastrosos, da falta de amor com as crianças e idosos, de desrespeito aos pais, da falta de fé, do orgulho pelo orgulho e, da mentira desvelada.

 Ainda, de torcer pelo fracasso do outro, da ingenuidade disfarçada de cordeiro, da indiferença no pensar e no agir, do julgamento antecipado, da maldade sorrateira, do tirar proveito a qualquer custo, do tolhimento proposital da liberdade, de odiar como barreira protetora, do fingimento descabido, enfim, tantos e tantos erros que abarrotam as prateleiras do “humano”.

O homem é inteligente, ele sabe quando errou ou ocasionou um erro a alguém. E como “humano”, errar e reparar o seu erro é um ato de coragem e superação. É a evolução própria do ser.

Aprender e ensinar também fortalece a condição humana, na qual nos escondemos para justificar tais falhas.

Ninguém se levanta se antes não cair. Portanto dar a mão para erguê-lo é uma condição divina franqueada ao ser humano.

E humano é ajudar a quem errou.

“- Vovô, agora deu certo!”

– Lucas, você é jovem e ainda cometerá muitos erros, mas, lembre-se sempre que é possível buscar o acerto. Tome o cuidado para que seus erros não prejudiquem nem você nem os outros. Siga firme!

Carlos Alberto Josuá Costa – Engenheiro Civil e Consultor (josuacosta@uol.com.br)

 

 

Ponto de Vista

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