QUEM SOU EU NA FILA DO PÃO… –
(aquela que ama viajar)
Quando ouvi a expressão, título desta crônica, não deu outra, logo fui arremessada para a minha última viagem a São Paulo, tudo bem que o motivo que me levou a Sampa não foi exatamente uma semana de férias, ao contrário, foi o Seminário sobre a nova Lei de Licitações, que nos fez imergir no universo das leis, regras, normas, regimes e tudo o mais que não se consegue absorver em apenas três dias de curso e formação. Sim nossa viagem tinha um propósito quase totalmente job.
Chegamos ao hotel que havíamos reservado, por sinal, super bem localizado, próximo à estação do metrô da Consolação, rua lateral da Avenida Paulista, por volta das 8h30, do domingo que antecedia o seminário, isso, depois de três horas de voo, mais um outro bom bocado de tempo gasto na esteira esperando a bagagem.
Deixamos as bagagens na recepção do hotel e partimos para um rolê. Pegamos um Uber para o bairro Liberdade, a ideia era comer um pastel, com caldo de cana, no meio do caminho havia uma pedra, ops! havia uma mensagem que dizia bem assim:
– Experimentem o Tempurá de camarão.
Não contamos conversa, pedimos a iguaria assim que alcançamos a barraca mais atrativa da feirinha, no meio do bairro. Devoramos o tempurá, e, diga-se de passagem, né minha filha, que estava de comer rezando, uma verdadeira delícia!
O fato é que andar em São Paulo só utilizando como meio de transporte o Uber é para furar o bolso, pois já tínhamos desembolsado uma boa quantia do aeroporto para o hotel e do hotel para o bairro da Liberdade, no entanto, queríamos continuar nosso rolê. Decidimos pegar o metrô, e que “se lasque para lá” o medo de se perder, afinal, quem está na chuva é para se molhar.
Pense num negócio bom é desbravar caminhos, conhecer novas esquinas, cruzar ruas e avenidas desta vida, da cidade que não dorme, e assim fomos de metrô até o Largo de São Bento. Porque somos dessas na fila do pão, as destemidas.
Descemos na estação São Bento e nos dirigimos a 25 de Março, descemos a ladeira íngreme já imaginando o retorno, se tivéssemos que voltar pelo mesmo caminho, teríamos que arrumar motivação para voltar caminhando e cantando e seguindo a canção. Deixamos para pensar sobre tal empreitada depois, afinal, no meio do caminho não tinha mais uma pedra, tinha algumas lojas abertas, biju, armações de óculos…
Haviam outras lojas com outros produtos a nossa disposição, só que a louca das bijus – também sou essa na fila do pão- foi abduzida e hipnotizada pelos brilhos que acabaram por ofuscar minhas razões. Entrei. Comprei! Depois de um instante de sanidade, saímos correndo da loja.
Puxei minha colega de viagem pelo braço, para que tomássemos prumo do caminho que havíamos desviado, com destino ao Mercadão, o famoso mercado municipal da cidade de São Paulo. Tínhamos que comer o tão famoso pão com mortadela. Somos dessas na fila do pão, as que não perdem oportunidades, e se perder, criam outras.
A saga por São Paulo continua na próxima semana, ou melhor, só está começando… mas, afinal, quem é você na fila do pão?
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência , [email protected]