QUEM SOU EU NA FILA DO PÃO… Parte 2 – 
(aquela que ama viajar)

Vamos começar pelo final da última crônica, que tem o mesmo título que esta e que deu início a história sobre a volta cultural por São Paulo, em apenas quatro dias.

Mas, afinal, quem é você na fila do pão?

Nós somos as loucas por turismo cultural, eu e a minha amiga, e estávamos famintas, precisávamos nos alimentar de cultura e do famoso e tradicional sanduíche de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo, como também estávamos sedentas por apreciar a arquitetura do Mercadão, além de revisitar as antigas impressões e percepções.

Eu havia estado no Mercadão outras vezes, é fato, mas nenhuma me revelou tantas belezas como desta vez, pois agora eu o enxergava com outros olhos, talvez se dê pelo fato de que nunca enxergamos tudo numa primeira vez nem numa segunda ou terceira vez, pois cada lugar esconde seus mistérios, que uma vez desvendados outros serão apresentados para que possamos aprimorar nossos olhares, construindo novas versões, reavaliando velhos ângulos, desconstruindo interpretações e aspectos de que países, lugares e mercados são todos iguais.

Há de convir que os mercados públicos são espaços democráticos carregados de cultura, povos, saberes, sabores e belezas históricas, são espaços de encontros e socializações. É possível se encontrar neles de um tudo, da arte, nas suas mais variados formas, às culturas e conflitos dos povos que ali habitam e/ou transitam todos os dias, daí ser um lugar extremamente democrático e cultural.

Encantei-me com os vitrais, pareciam estar mais lustrosos, tinham cores e brilhos diferentes da última vez que os vi. Confesso que não pude apreciar detalhadamente todos os 32 painéis subdivididos em 72 lindos vitrais, sem dúvida nenhuma, uma belíssima obra de arte do artista russo Conrado Sorgenicht Filho.

Segundo o site do próprio Mercado Municipal de São Paulo (https://www.mercadomunicipalsp.com/) o Mercadão de Sampa foi inaugurado em 25 de janeiro de 1933, e “segue o modelo utilizado pelo Mercado Central de Berlim – um prédio coberto e dotado de torreões laterais. A influência germânica se manifesta também na planta modulada do edifício, que foi executada na Alemanha. O edifício paulistano apresenta uma construção de estrutura de concreto e alvenaria de tijolos. O prédio de estilo neoclássico com temperos gótico impressiona pela beleza.”

Pois bem, incursionando pelas ruas e boxes do Mercadão, pudemos ver e nos encantar com as cores das verduras, legumes e frutas fresquinhas, as especiarias e temperos é um cenário de beleza e cheiros à parte, também havia muita variedade de queijos, carnes, aves, peixes e frutos do mar. As massas e doces nem se fala.

A nossa parada para o “Gran Finale” foi num dos botecos super charmosos do mercado, difícil mesmo foi escolher qual sentar e degustar, o jeito foi nos utilizarmos da velha e boa parlenda “Uni, Duni, Tê; Salamê, Minguê; O sorvete colorê; O escolhido foi você!” e adivinhem qual era o carro chefe do nosso boteco escolhido? Isso mesmo: pão com mortadela e, como não poderia deixar passar batido, de quebra um Chopp bem gelado para, acreditem se quiser, tirar um pouco do calor que fazia naquele domingo à tarde no Mercado Municipal de São Paulo.

Mas, afinal, quem é você na fila do pão?

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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