QUESTÃO DE CARÁTER –

Conduta nefasta tem se disseminado em Natal. Não se sabe bem de onde veio. Como se trata de comportamento humano, médicos proctologistas já diagnosticaram que tudo é fruto do mau caratismo. Defeito de personalidade para uns, ou, transtorno procedimental para outros. Onde quero chegar, finalmente? Já quer saber o leitor. Só sei que, sete, entre dez executivos, políticos e/ou secretários, agem dessa forma. Em muitos, a vaidade doentia, a megalomania, a mediocridade caracterológica, são fatores preponderantes e prevalentes sobre a humanidade comum que desaparece, de repente, debaixo do verniz do locatário do cargo ou da função.

Hoje em dia, é raríssima a autoridade pública ou privada que dá retorno de telefonemas. Deixar recado é esforço pífio e inútil. Não existe mais apreço, atenção, respeito, civilidade, sociabilidade, humanidade. O político, via de regra, só retorna ligação se houver vantagem de voto gratuito ou financiamento de campanha. O empresário pergunta logo quem está na ponta da linha e quanto vai lucrar. Já alguns secretários de governo, nomeados para atender a sociedade, sempre estão em reunião com “aspones” para evitar interrupções, um telefonema que não foi atendido de imediato por ocupação instantânea ou outro motivo relevante, é ato de cavalheirismo, de educação, de nobreza que pouca gente cultiva. Sei que muitos leitores estão incluídos na estatística dos sofredores. E gostariam de dizer o que afirmo agora. Os cultores da prática mafiosa alegam que é preciso racionalizar o tempo, eleger prioridades, formatizar custos e ganhos de produtividade, e o lado humano/cidadão vai para o beleléu, descartado por não representar modernidade, segundo os fariseus dos templos públicos. Cheguei a imaginar, de início, que a minha tese é inconsistente. Seria antiquado portar-me assim, mandando a secretária anotar quem telefonou para retornar, em seguida, uma a uma, as ligações recebidas? Acho que não. Tudo é uma questão de estilo, de ética, de personalidade e de berço.

Quem tem medo de público não ocupa cargo ou função pública! Deve se lembrar que o cargo não é todo seu e pertence também a cada pessoa que deseja se comunicar. Mandato eletivo, igualmente, e atividade privada financiada com dinheiro do povo e dos bancos oficiais. Diga sim ou não. Mas atenda. Não foi à toa que quintuplicaram o número de telefones no mundo. Político que não atende eleitor é burro. Secretário que não retorna ligação é grosso. E empresário que não se comunica se trumbica, já dizia o velho guerreiro a Roberto Marinho.

O recado está dado. Retornar ligação é uma questão de caráter.

Lembrem-se: “A memória é o espírito da alma”.

 

Valério Mesquita – Escritor, membro da ANL e do IHGRN– Mesquita.valerio@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
Ponto de Vista

Recent Posts

Prefeitura de Natal implanta viagens por aplicativo para transporte de servidores e espera economizar R$ 1,5 milhão por mês

A Prefeitura de Natal anunciou que vai implantar viagens por aplicativo para o transporte oficial…

8 horas ago

Governo do RN e Prefeitura de Natal decretam ponto facultativo na Quinta-feira Santa

O Governo do Rio Grande do Norte e a Prefeitura de Natal decretaram ponto facultativo na…

8 horas ago

Argentina reduz controle de câmbio e peso despenca; bolsa sobe quase 5%

O peso argentino despencou nessa segunda-feira (14), enquanto os mercados de ações e títulos do…

8 horas ago

Tarifaço de Trump: EUA começam estudo para taxar produtos farmacêuticos e semicondutores

O Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, iniciou as "investigações de segurança nacional" sobre…

8 horas ago

COTAÇÕES DO DIA

DÓLAR COMERCIAL: R$ 5,8670 DÓLAR TURISMO: R$ 6,0820 EURO: R$ 6,6310 LIBRA: R$ 7,7590 PESO…

8 horas ago

Tarifaço de Trump: grupo entra com ação judicial para bloquear a aplicação de tarifas; ONU pede revisão

O grupo Liberty Justice Center entrou com uma ação judicial nessa segunda-feira (14) para bloquear…

8 horas ago

This website uses cookies.