Henry Sobel em imagem de outubro de 2011 durante evento em Doha — Foto: Fadi Al-Assaad/Reuters

O rabino Henry Sobel morreu nesta sexta-feira (22), aos 75 anos, em Miami, por complicações associadas a um câncer. O sepultamento ocorrerá no domingo (24), no cemitério Woodbridge Memorial Gardens, em Nova Jersey.

Nascido em Lisboa, sua mãe belga e seu pai polonês chegaram a Portugal fugindo do nazismo durante a 2.ª Guerra Mundial. Ainda na primeira infância, a família de Sobel se estabeleceu em Nova York, onde ele se formou rabino. A partir de 1970, ele se radicou no Brasil, onde permaneceu por mais de três décadas.

Rabino emérito da Congregação Israelita Paulista (CIP), Sobel foi uma voz firme em defesa dos direitos humanos no país, com destaque para sua atuação na luta pelo esclarecimento da morte do jornalista Vladimir Herzog, também de origem judaica, quando este estava em poder dos órgãos de repressão da ditadura militar, em São Paulo, em 1975.

Na ocasião, Sobel se recusou a enterrar Vladimir Herzog na ala dos suicidas do cemitério israelita, por rejeitar a versão oficial acerca das circunstâncias da morte. O rabino também se juntou a líderes de diferentes religiões num ato ecumênico em homenagem a Herzog, em 31 de outubro de 1975, uma semana depois de seu assassinato, na Praça da Sé. Além de Sobel, estavam presentes o católico Dom Paulo Evaristo Arns e o protestante Jaime Wright.

“Com todas as manchas, eu vi, com meus olhos, foi esta visão que eu levei para a frente quando conversei com três militares e também no culto ecumênico, ecoando as palavras do cardeal de São Paulo. A coragem foi de Dom Paulo. Não minha. Dom Paulo disse ele foi morto, ele foi assassinado. Eu disse ‘eu concordo com o senhor’”, lembrou Henry Sobel, em entrevista a Sergio Groisman.

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