Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, 29 anos, paulista de Sorocaba, suou bastante trabalhando na profissão mais antiga da humanidade, mas deu-se bem entre as mulheres de vida fácil – ou será vida difícil? Como fruto do trabalho e do reconhecimento público pôde diversificar as atividades laborativas ao seu bel prazer ou ao sabor de opções ocasionais.
Agindo assim protagonizou filmes pornográficos e produziu roteiros, participou de reality show, foi entrevistada no programa Jô Soares, atuou como disc jockey e como escritora, até conseguir ser notícia no New York Times.
Não tenho conhecimento se já lhe atribuíram rótulos depreciativos, escrachados ou maldosos, mas o que ninguém pode dissociar dela é o aguçado senso de oportunidade e a coragem de se expor ao ridículo ou ao preconceito contra seu trabalho.
O sucesso começou, em 2005, ao postar em um blog suas peripécias amorosas como garota de programa no cotidiano da prostituição. Nele, tal qual o diário de uma adolescente, a jovem discorria sobre costumes e preferencias de seus parceiros de cama, o que aumentou o número de visitas ao site.
A página ganhou popularidade na internet e a tornou uma celebridade. Aproveitando o embalo da fama decorrente de seu blog, Raquel lançou o livro “O Doce Veneno do Escorpião – O diário de uma garota de programa”. Os picos de vendagens abriram-lhe espaço para publicar, em 2006, “O que aprendi com Bruna Surfistinha”, o segundo livro.
“Na cama com Bruna Surfistinha” foi o terceiro, em 2007, destinado exclusivamente ao público adulto – dá para imaginar o conteúdo, né! Não li nenhum dos três, mas assisti ao filme “Bruna Surfistinha”, subvencionado pelo Ministério da Cultura e sucesso estrondoso de bilheteria.
Já mulher feita e com experiência na vida, Raquel não perde oportunidade de ser notícia para não cair no esquecimento público, embora afiance querer voltar para o anonimato. Pudera. Seus vídeos pornôs invadiram a internet e não deixam dúvidas de que dominava bem a profissão, tamanho sua desenvoltura em ação.
Quando participou do programa “A máquina”, da TV Cultura, foi ao ar mais uma de suas polêmicas declarações, quando confessou o seguinte: “Eu comecei a me masturbar entre os cinco e seis anos. No programa Rá-Tim-Bum passava uns meninos pelados tomando banho e eu ficava sentada na madeira da cama, assistindo e me masturbando”.
Raquel posiciona-se a favor da legalização da prostituição. Diz que a maioria das prostitutas leva vida dupla. Numa colocação digna de psicólogo-sexólogo ou de conselheiro matrimonial faz um alerta às esposas, insinuando: “O que a mulher não faz em casa, o homem procura fora!”.
Tratar de sexo abertamente e com seriedade é saudável e necessário. O conhecimento de suas peculiaridades controlará excessos e eliminará preconceitos. Repetindo o pensador: “O sexo é chama indispensável quando somente aquece a paixão. Complica tudo quando incendeia a razão e se torna o ópio da vida, a fera que o ser humano não pode domar”.
Lembrei de Bruna ao ver o seu filme na programação fixa da Netflix.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro e Escritor