REDE DE DORMIR –
Que bom reviver os velhos tempos que não voltam mais. Tempos inesquecíveis e gloriosos do futebol potiguar. Não faltava motivação por parte da imprensa esportiva para incentivar, estimular as equipes e seus guerreiros jogadores.
Todos os jogos, não necessariamente os decisivos, a imprensa esportiva procurava premiar o time vencedor com brindes para os jogadores que se destacavam. Era bem atrativo, estimulante e muito bem recebida pelos atletas.
Após um jogo pelo campeonato da cidade, entre as equipes do América FC e Clube Atlético Potiguar (CAP)- O Moleque Travesso, o time do Presidente João Machado, fui escolhido como o melhor jogador em campo.
No final, fui chamado para a entrevista e receber o prêmio.
Entrevistado, agradeci e recebi o prêmio das mãos do locutor esportivo, representante da emissora.
Foi fácil identificar o prêmio, um bom volume de tecido dentro de uma sacola: uma boa rede de dormir. Comentei com os meus botões: casou
Tomé com Bebé, veio para a pessoa certa, no momento certo; um admirador e usuário extremo das gostosas e confortáveis redes de dormir.
Ao chegar em casa sorridente, dei a notícia a minha mãe e lhe entreguei a abençoada rede de repouso.
Ao abrir o pacote, minha mãe me fez a seguinte pergunta: meu filho essa rede é para castigar anão malcriado? Não! Por quê? Estou achando muito pequena, estreita e pelo jeito vai ficar muito alta quando armada.
Fui vê no local, já armada. Realmente, tinha ficado muito alta; criei coragem e subi com o auxílio de um tamborete. Confesso, que tive medo, minhas pernas ficaram apoiadas em seus punhos. Ficou estranho! Deduzi que a pequena rede, já fazia um certo e longo tempo que estava guardada, quem sabe, aguardando uma oportunidade para ser entregue como prêmio em alguma competição esportiva praticada especialmente por pessoas de baixa estatura, (anãos), não era o meu caso.
Pedi a minha mãe, que procurasse a sua comadre Celeste, para saber se ela conhecia alguma família de nanicos para fazer uma doação.
Demorou um pouco, mais conseguiu fazer literalmente a pequena doação.
Berilo de Castro – Médico e Escritor