Rinaldo Barros
“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida”. (John Dewey, filósofo e pedagogo norte-americano -1859 a 1952)
O objetivo desta reflexão é compreender a questão educacional como parte de um Projeto civilizatório de Nação.
É importante repetir que, no entender deste locutor que vos fala, a Educação não pode ser um projeto de governo ou um projeto de partido, mas um projeto da sociedade, um projeto de Nação.
Educação é o maior desafio do povo brasileiro, implicando na defesa da soberania nacional, na redefinição das prioridades de investimentos, visando um novo pacto federativo fundado na equidade (pode ir ao dicionário), para superação das desigualdades e conquista do desenvolvimento com menos consumismo, mais respeito ao meio ambiente, universalização da sustentabilidade da matriz energética a partir de fontes renováveis; com resgate pleno da cidadania.
Relembro que a modernização brasileira foi atravessada por algumas questões cruciais: impactos da urbanização acelerada, aviltamento do papel social do professor, projeto repartido de educação (público e privado), visão dominante preconceituosa em relação à pobreza, desigualdade espacial e cultural, e socialização vazia de Ética, de valores universais.
A escola atual não consegue levar as crianças e os jovens a interiorizar e transferir para a vida cotidiana os conceitos, hábitos e atitudes que procura ensinar. Não cumpre o seu papel histórico.
Essa contradição somente poderá se resolver a partir da articulação estreita entre a Universidade e a sociedade, através de um fórum permanente de debates sobre as grandes questões locais vinculadas ao processo de desenvolvimento, tal como ele ocorre hoje no patropi.
Na situação específica hoje vivida pelas universidades brasileiras, somos compelidos a tentar responder a exigências históricas de reformar os currículos acadêmicos e repensar a relação Universidade/sociedade; estreitando seus vínculos e desarmando os espíritos.
Algo de novo há de chegar, como uma lufada de ar fresco na arte de pensar. Enfrentar esse desafio supõe o abandono das certezas, para aceitar a transitoriedade dos saberes e dos conceitos.
Tais movimentos não se realizam por imposições externas, mas por consolidação de convicções pessoais e coletivas na busca de novos entendimentos para dar novos significados ao que fazemos ou desejamos fazer.
Trata-se, primordialmente, de um convite irrecusável ao exercício coletivo da reflexão sobre o que faz e o que pretende fazer a Universidade, como instância privilegiada de formação profissional.
O ponto de partida é a percepção de que qualquer instituição educacional tem a cumprir um papel que lhe é socialmente atribuído, e que esta deve se organizar e atuar no sentido de cumprir determinadas funções na sociedade a qual pertence ou está inserida. Depois, é preciso olhar em volta de si, para o mundo.
A sociedade mudou, o mundo mudou. Estamos na sociedade da informação e do conhecimento globalizado; interligados virtualmente – em tempo real – com infinitas possibilidades de criação.
No caso das universidades, historicamente, cabia-lhes (ainda cabe?) – prioritariamente – produzir e transmitir conhecimento, conservar e difundir a cultura elaborada, e garantir a formação daqueles indivíduos que poderão ampliar saberes que conduzam para o desenvolvimento, para muito além das salas de aulas.
Isto quer dizer que as atividades de ensino e as demais funções de uma Universidade deveriam responder – com competência – aos anseios da sociedade, principalmente em relação ao seu futuro.
Isto porque, mesmo considerando que os processos educativos são reflexos do modo como estão constituídas as sociedades e, portanto, exercem a função de manter esse modo; todavia, estou convicto de que, ao mesmo tempo, cabe às universidades enfrentar o paradoxo de promover mudanças socialmente desejáveis na direção do progresso humano. Sempre.
Para cumprir essa tarefa, a Universidade precisa se reinventar, ser maior do que ela mesma.
A prioridade zero é, sem sombra de dúvida, uma Reforma do Ensino Médio, para torná-lo adequado à realidade dinâmica do mercado de trabalho. Sem esquecer que essa meta somente será atingida com gestão eficaz e com investimentos pesados na base da pirâmide, no Ensino Fundamental.
Refazendo tudo!
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
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