O determinismo genético é a herança que todos os seres vivos que habitam o planeta carrega dentro de si. A capacidade reflexa de responder a estímulos básicos e essenciais à sobrevivência e reprodução. Que começa a partir dos seres unicelulares. Passando pelos vegetais, que vivem e se desenvolvem, plantados ao chão, por exemplo. Situação específica, em que até mesmo a força do vento faz parte do processo da sua continuidade. Pra complicar, ainda mais, a reprodução (partenogênese) que ocorre em certos artrópodes invertebrados. Neles ocorre uma modalidade de reprodução sexual em que um óvulo se desenvolve sem necessidade de fertilização. Os quadrúpedes carnívoros devoram a carne. Os herbívoros, a flora. Estes também, devorados por aqueles. Outros sobrevivem alimentando-se do espólio. Da carniça que sobra. O mesmo ocorre com os seres que vivem nos ambientes aquáticos. Enfim, todos eles vivem inseridos em seus padrões biológicos, que ditam as suas maneiras concretas de sobrevivência.
E nós? Ah, nós não somos diferentes. Somos oriundos de um dos ramos dos primatas. Originalmente, supõe-se, de cinzas de supernovas extintas. Começamos como coletores-caçadores de vida curta. Hoje somos “Homo Sapiens Sapiens” de vida longa. Na tentativa de chegar a “Homo Deus “, a julgar pelo andar da carruagem. Modificaram-se em nós o aspecto anatômico e o psicológico, pela melhora qualitativa da nossa capacidade de raciocínio. Causada pela evolução das circunvoluções do nosso cérebro, ao longo desse tempo todo. E de onívoros essenciais, passamos a ser onívoros de tudo. Absolutamente de tudo. Aliás, sempre fomos cultores de tudo que implica sentimentos, como amor e ódio. Qualidades inerentes aos humanos. Reféns de um cérebro que comanda e coordena em última instância, de forma exageradamente diferente, os 38 trilhões de células que constituem o nosso corpo. A procura de rotas para a paz no mundo seria um tanto utópica. Afinal, guerra e paz são duas faces diferentes de uma mesma moeda. A da sobrevivência. E da manutenção do status quo. Só ler sobre a história da humanidade, das geopolíticas, e das religiões. E aquilatar o bem e o mal nelas. Feliz Natal para nós. Efêmero, que seja, um tanto. Pouco importa. Até, quem sabe, as máquinas e suas inteligências artificiais nos devorem a todos.
José Delfino – Médico