REFLEXÕES SOBRE A ELEIÇÃO DE 2018 NO BRASIL –
O jornal El País divulgou entrevista com o publicitário Maurício Moura, brasileiro com experiência de consultoria política, em campanhas nos EUA e no Brasil.
Segundo o jornal, Moura fechou recentemente parceria para trabalhar com Guillaume Liegey, que foi um dos marqueteiros do presidente Macron, na eleição francesa, e os dois participaram de uma maratona de conversas com pré-candidatos brasileiros ou seus enviados, inclusive presidenciais, num trabalho de prospecção para avaliações futuras.
Cabe destacar e meditar sobre alguns pontos de vista de Maurício Moura, no atual cenário pré-eleitoral do Brasil.
Sobre o potencial eleitoral de Lula, preso ou não.
“Vamos imaginar que Lula tenha 30 pontos hoje – em algumas pesquisas é mais, mas vamos imaginar 30.
Quando a gente tenta mensurar qual é hoje o potencial de transferência de voto, ele está na casa de um terço.
São os que estão altamente inclinados a seguir uma indicação do Lula – os outros dois terços estão em disputa.
Várias pesquisas mostram que alguns eleitores vão para a Marina, para o Ciro e até para o Bolsonaro.
Vira uma disputa.
Passa a ser um campo aberto.
Mas a coisa é complexa.
Quando testamos em pesquisa perguntando: e se o Lula for preso?
Aí para o eleitorado popular dele é muito ruim.
Ele, estando preso, tendo indicado a Dilma, está fazendo uma nova indicação.
Mas, se ele não for preso, mas retirado da eleição, então vai depender de quando ele for retirado.
Quanto mais próximo da data da votação ele for retirado, maior o poder de transferência de voto que ele vai ter.
A gente no Brasil tem um laboratório que é o Distrito Federal.
Em duas situações recentes, os candidatos foram retirados e colocaram seus prepostos e deu certo.
Então, num cenário que Lula começa a fazer campanha e é tirado, pode ser que ele tenha um potencial alto de transferência de voto.
Num cenário em que ele é preso agora, vai ser muito pior a performance dele no eleitorado popular”.
Outro ponto da entrevista que merece ser analisado é a opinião sobre Bolsonaro:
“Ele tem um grande potencial.
Ele é favorito para levar em um eventual segundo turno se for contra o PT.
Por último, numa coisa mais metodológica nossa aqui e que todos os institutos vão ter, é que muita gente não fala que vota no Bolsonaro.
Se você perguntar todas as questões de costumes, a pessoa concorda com Bolsonaro, mas não declara voto.
Na hora da urna, sim.
Isso aconteceu muito nos Estados Unidos com Trump.
Temos que monitorar isso com muito carinho.”
Sobre a melhora da economia e o governo influir na eleição.
“O Governo é mal avaliado e o potencial de transferência de voto, nesse contexto, é mínimo.
As pessoas percebem que houve melhora econômica, mas não tem nenhum entusiasmo e não associam isso ao Governo Temer.
Elas não têm expectativa de que vai melhorar muito.
Nem que vai mudar radicalmente. Então, o tema da economia, a busca da estabilidade não vai ser um grande fator na hora de buscar um candidato.”
Sem dúvida muita lucidez nas análises de Maurício Moura.
Para quem deseje ler na íntegra a sua entrevista ao EL PAÍS deverá acessar:
Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal – [email protected] – www.blogdoneylopes.com.br