REFLEXOS ATEMPORAIS –

Reverberavam em meus cílios afugentados os sons que ecoavam do platô de Gizé, gritos e súplicas disfarçados de templos, talhados em terracotas subterrados nos campos santos, amontoados de ossos, sonhos, múmias e ilusões, resguardos de um tempo faraônico, imergidos na imortalidade da alma, na purificação do corpo.

Reverberavam em minha pele alva as luzes que aliciavam minhas compreensões, indizíveis traduções de uma das sete maravilhas de todos os tempos, fincada onde um dia cultivou-se jardins, vigiada pela escultura maciça e imponente da força de um leão e o cerne de um homem. Aprazíveis obras da antiga Mênfis esquecida nas areias do deserto.

Reverberava em meu âmago cativo, ali, no antigo Egito, o nascimento da aliança em busca da eternidade do amor, a “infinitude” do elo material e espiritual. O nascimento da geometria entre pirâmides e alianças, entre crenças e promessas, entre triângulos e círculos. Entre o pacto de cumplicidade, amor e fidelidade dos amantes e a vida eterna.

 

Flávia Arruda – Pedagoga e Autora do livro “As Esquinas da Minha Existência”

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