REFLEXOS DA POSSE NA ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS –
Fui à posse do presidente Bolsonaro, afinal, resido a pouco mais de 1500 metros da Esplanada. Lembro-me que também estive na primeira posse de Lula, quando houve um tom de festa, de comemoração por algo inesperado na cena política, muito regozijo, danças, gritos de ordem se ouviam por todo o lado. Havia camburões da PM do Distrito Federal por toda a parte, mas sem tanta restrição, era muita festa pela assunção do presidente do PT.
Na posse de Bolsonaro, eu digo que foi completamente diferente a mobilização. Perto do meio-dia havia muita gente entre a Rodoviária e a Catedral, mas os cordões de revista estavam direcionados como em dia de jogo. Filas demoradas custavam a andar, e vi muita gente voltar atrás, desistir. O viaduto sobre a rodoviária do Plano Piloto ficou superlotado, para os que preferiram assistir de longe. Confirmei com muita gente que os desistentes de enfrentar o filtro eram moradores de Brasília. E, no dia anterior, chovera bastante e as previsão pela TV era de nova precipitação d’água, que faria com que o desfile do presidente se desse em carro fechado.
Afinal a expectativa reinante para a cerimônia de posse, no caso de desfile em carro aberto, era a dúvida. Somada à previsão de chuva, fez com que muitos optassem por assistir pela tevê. O futuro ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebiano, chegou a mencionar ser uma “temeridade” a exposição física do eleito, em razão do atentado a faca sofrido em fevereiro, durante a campanha em Juiz de Fora.
No entanto, o sol se fez presente, uma bela tarde em Brasília, e saiu o andor da cerimônia.
Da mesma forma como a chama popular de 2003, a reparar a disposição alegre dos que vinham com roupas verde-amarela, o sentimento de patriotismo e de apoio a mudança radical na situação crítica, tanto econômica quanto de segurança pública, por que, diziam, estar vivendo o país há duas décadas. O sentimento geral era de aspecto novo, digo até similar ao de Lula, mas com viés trocado ao vivenciado no início de 2003.
Em dado momento a carreata conduzindo o presidente eleito se aproxima e o presidente e a primeira-dama Michele sobem no carro aberto. De longe dava para ouvir o rumor da multidão que parecia entrar em manifesto arrebatamento. Bonés e camisas jogados para o alto, parecia uma comemoração de conquista de Copa do mundo pelo Brasil. Daí em diante foram quatro horas de fidelidade aos ditames de renovação cívica propagados pelo vitorioso candidato do PSL, tudo transcorrendo numa cadência de diretriz militar, em ordem, sem intercorrências à vista.
Agora vem aí a nova fase de governo e esperadas expectativas.
Os primeiros dias de governo deverão ser de cristalização das intenções, e das principais medidas externadas por Bolsonaro. Não há dúvida que virão reformas, integrais ou um tanto amortecidas dentro da cena política de apoio congressual. As áreas da Previdência e da segurança pública deverão estar na dianteira das propostas levadas à luz.
Não há dúvida que a atenção agora estará voltada pela reação dos congressistas, que, nos últimos tempos, perderam muito na questão da credibilidade e no trato judicial.
Para muitos, seguindo a moda, como na frase do general romano “alea jacta est”, “a sorte está lançada”! Que venha um tempo venturoso.