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A decisão dos britânicos de abandonar a União Europeia (UE), levou o primeiro-ministro David Cameron a anunciar nesta sexta-feira (24/6) que vai deixar o cargo. O efeito nos mercados foi devastador. E provoca o temor de um efeito dominó em toda a Europa. Os britânicos votaram por estreita margem a favor da saída do Reino Unido do bloco europeu que integrava desde 1973. Este foi o segundo referendo na tortuosa relação entre Reino Unido e UE. Os britânicos votaram “sim” à permanência no bloco europeu em 1975. Nigel Farage, o líder do minúsculo Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), que tem apenas um deputado na Câmara dos Comuns incendiou a campanha com um discurso duro e contra os imigrantes, pediu que o 23 de junho seja declarado “Dia da Independência”. Cameron deve permanecer no posto de chefe de Governo até outubro, quando o Partido Conservador celebrará seu congresso. Os países fundadores da UE (Alemanha, França, Holanda, Itália, Bélgica e Luxemburgo) anunciaram uma reunião extraordinária no sábado em Berlim.

As Bolsas desabaram, a libra esterlina registrou a menor cotação em 30 anos e os investidores compravam de maneira intensa títulos da dívida alemã. O Banco da Inglaterra se mostrou disposto a injetar imediatamente 250 bilhões de libras esterlinas em liquidez no mercado. A negociação, de acordo com os tratados europeus, pode levar dois anos no máximo, a partir do momento em que um membro denuncia. Após os dois anos, o divórcio precisa ser consumado, independente das divergências ainda existentes. O referendo histórico evidenciou uma diferença entre regiões, gerações e classes sociais britânicas. As grandes cidades votaram de maneira majoritária pela permanência, enquanto as zonas rurais optaram pela saída. Os jovens estavam dispostos a permanecer dentro de um bloco que possibilita liberdade de movimentação, mas os idosos só conseguiam enxergar uma invasão de imigrantes, 300.000 por ano, que deveria ser interrompida o mais rápido possível. Motivo de alegria para muitos, mas que abala a Europa.

As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam na maioria em forte baixa nesta sexta-feira (24), em reação à inesperada decisão dos britânicos de votar para que o Reino Unido saia da União Europeia. O mercado em Tóquio liberou as perdas, com queda de 7,92% no índice Nikkei, a 14.952,02 pontos. A desvalorização do índice japonês foi a maior em um único pregão desde março de 2011 e o nível de fechamento é o menor desde outubro de 2014. Os negócios no Japão também foram pressionados pelo iene, que disparou ante o dólar em reação ao Brexit. Em outras partes da Ásia, o índice Hang Seng caiu 2,92% em Hong Kong, a US$ 20.259,13 pontos, enquanto o sul-coreano Kospi teve baixa de 3,09% em Seul, a 1.925,24 pontos, o Taiex recuou 2,57% em Taiwan, a 8.453,48 pontos, e o filipino PSEi registrou queda de 1,41%, a 7.621,11 pontos. Na China, a reação ao resultado do plebiscito britânico foi relativamente mais contida. O Xangai Composto, principal índice acionário do país, encerrou o dia com perdas de 1,3%, a 2.854,29 pontos, enquanto o Shenzhen Composto, de menor abrangência, caiu 0,8%, a 1.900,60 pontos.
Embora o Reino Unido não seja um grande mercado comprador para a maioria dos países asiáticos, várias empresas da região fizeram pesados investimentos no país europeu. No Japão, as ações do conglomerado industrial Hitachi sofreram um tombo de 10,3%, enquanto as da agência de publicidade Dentsu despencaram 12,5% e as da montadora Nissan caíram 8,1%. Os papéis dos bancos britânicos HSBC e Standard Chartered listados em Hong Kong, por sua vez, recuaram 6,6% e 9,5%, respectivamente. Na Oceania, a bolsa australiana também foi pega de surpresa pelo Brexit, uma vez que as últimas pesquisas de opinião vinham indicando que o Reino Unido votaria pela permanência na UE. O S&P/ASX 200, índice que reúne as empresas mais negociadas em Sydney, terminou o pregão com queda de 3,2%, a maior desde 29 de setembro de 2015, a 5.113,20 pontos.

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