A reforma trabalhista terá um papel decisivo na retomada do mercado de trabalho. E o resultado virá mais rápido do que muitos pensavam. O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), prevê que a Lei 13.467/2017, que moderniza a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), vai auxiliar na geração de 260 mil postos formais a mais do que o previsto para os próximos dois anos, caso o texto não tivesse sido aprovado no Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República, Michel Temer. Como a lei entra em vigor apenas em 11 de novembro, os efeitos ficarão para os próximos anos. Das 260 mil vagas a mais previstas entre 2018 e 2019, o Ibre-FGV prevê que 143 mil postos com carteira assinada serão gerados no próximo ano. O instituto traçou dois cenários. Em um ambiente com a reforma aprovada, a expectativa é de que as admissões superem as demissões em um total de 475 mil postos. Sem a reforma, a geração de vagas seria de 332 mil, em 2018.

O contexto de ampliação do número de cargos se repete em 2019. Em uma conjuntura sem a sanção da lei, seriam criados 626 mil cargos. Como o texto foi aprovado, a expectativa é por mais 743 mil ocupações formais. As previsões são animadoras. Quando o tema estava em discussão, nem todos os especialistas imaginavam que a reforma poderia surtir efeito a curto prazo como o traçado pela FGV. A expectativa de alguns analistas era de que, primeiramente, a reforma promoveria ganhos de produtividade na economia. O aumento da eficiência da mão de obra, por sua vez, seria convertido em impulsão para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB). Somente com isso, então, previam uma melhora do mercado de trabalho. Mas não um movimento que contribuísse para uma geração de mais de 1,2 milhão de postos formais em dois anos.
O quadro previsto consegue ser ainda mais animador. Isso porque as projeções não têm qualquer ligação com o nível de atividade econômica, afirma o economista Tiago Cabral Barreira, consultor do Ibre-FGV. “O exercício que fizemos foi medir o quanto a reforma impactaria na geração de empregos, mantido um nível de atividade constante para os próximos anos”, justifica. A explicação dele significa que, a depender do reaquecimento da atividade econômica e da melhora do mercado de trabalho, a criação de postos formais pode ser ainda maior. É um cenário que não pode ser descartado. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desocupação ficou em 12,8%. A expectativa do Ibre-FGV era de que essa taxa só seria atingida no terceiro trimestre de 2017. “Foi um desempenho surpreendente”, admite Barreira.
Logo, como as projeções estão ancoradas nos dados atuais, nada impede que, caso mais resultados positivos apareçam, a situação seja outra. A realidade é que prever o cenário de emprego no país tem sido um desafio para os economistas. Isso está acontecendo porque é o mercado informal que está puxando o recuo da taxa de desocupação.
Fonte: Correio Braziliense

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