REPETIR NÃO CUSTA NADA –
Nesses tempos de escrita mínima, leitura rápida e superficial, e de olhar de veneração em massa para “selfies ” melhor parar e refletir, talvez: “Beijo, carinho, atenção (essas coisas…) são detalhes que se externam de inúmeras formas. Saber, eis o segredo. Perceber, eis a questão”. Na minha cabeça a assertiva seria abrangente até como mote de tese de botequim. As respostas e comentários são sucintos como quase tudo o que rola nas redes sociais, atualmente. Alguns, me parece , captam o sentido do que se diz. Outros, não . Alguns entendem sim, mas partem para gozação.
O que me fez pensar que certas coisas na vida, nesses tempos de “fast tracks”, demandam tempo e paciência, que, às vezes, uma existência inteira não basta. Quanto mais um rolé no facebook. Na trilha das relações afetivas virtuais, eu tento me exprimir de uma maneira um tanto poética tipo as sete maravilhas do mundo: o encontro/a observação/a simpatia/a afeição/a paixão/o amor/ e (talvez) um final feliz. Essas maravilhas implicam piscada de olhos, fazer como não quer, querendo, e , após bem estudado o terreno , mãozinhas dadas no cinema, um chope; quem sabe até aquela macarronada maldita num fim de noite no “Bella Napoli”, quando ele existia. Então tudo rolava na base do “a gente se vê amanhã”, ou “ me liga ‘ ou “te ligo depois”. Pra que pressa ? Sem ela enchíamos o corpo e a alma de calorias. Iniciava-se, na prática, um gostoso masoquismo travestido de calvário e amor (talvez). Era assim, mas a era das relações virtuais nos tempos de internet, imprimiu velocidade ao processo.
Teclar no Facebook é perfeito e rápido. Tem a vantagem do anonimato da imagem ao vivo, a facilidade de se reescrever e editar o texto até ficar aceitável ao ponto de dar a falsa impressão de se ser bonito , atraente e sedutor. As fotos nem sempre retratam a essência. E quem tecla, em vez de falar, se vê livre da timidez. Não vejo nada de errado nisso. Tem até suas vantagens. Claro, não quer dizer que funcione como a abordagem à moda antiga que, também, não dava a certeza de solidez e estabilidade futura no relacionamento. Nada a opor. Apenas a velocidade assusta. Afinal, um dos segredos pra ser feliz não é ter tudo que se quer , mas aprender a querer tudo que se tem. O que toma tempo , também. Simples , assim.
Como bem explorou Zygmunt Bauman, sobre a modernidade líquida: “as relações sociais, econômicas e de produção são frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos”