REPISANDO O ASSUNTO –
Todos os anos, nesta época, eu me quedo repisando um assunto que entendo ser da maior importância para a economia do estado: o turismo. Na véspera do Natal assisti uma declaração de um agente de viagens, num dos jornais televisivos da capital, afirmando que a alta estação estava se configurando bastante satisfatória em vista a boa ocupação de leitos na rede hoteleira. Isso, após dois anos seguidos de prejuízos em decorrência da pandemia da Covid-19.
Desconheço no país uma outra cidade, povoado ou vila denominada Natal – suponho, também, inexistir no exterior. Mesmo que haja nos cafundós do planeta uma Natal, será improvável que tenha sido fundada no dia 25 de dezembro – não sei na Lapônia, no mundo fictício do sr. Santa Claus. Diante dessa bendita particularidade por que não a explorarmos exaustivamente.
Recorro sempre ao exemplo de Gramado, no Rio Grande do Sul, antes uma cidade cuja atração turística consistia apenas no saboroso fondeu e goles de vinho gaúcho, no inverno. De repente a cidade se reveste de outra atratividade denominada Natal Luz, explorada durante todo o mês de dezembro. Hoje, Gramado, é uma cidade voltada para o turismo durante todo o ano.
Natal poderia, sim, ser explorada turisticamente durante o transcorrer de todos os anos, como acontece com as praias de Pipa e São Miguel do Gostoso. Afinal o estado possui uma extensão litorânea de fabulosos 410 quilômetros de praias, algumas ainda intocadas pela dificuldade de acesso.
Sol e mar o ano inteiro. Povo hospitaleiro. Culinária diferenciada. Pontos históricos interessantes como o Forte dos Reis Magos, o Teatro Alberto Maranhão e a única base militar da América do Sul com atuação na 2ª Grande Guerra, servem de exemplos.
O Natal Luz de Gramado, cujo ápice é a queima de fogos no centro da cidade, no 31 de dezembro, aqui poderia acontecer na Lagoa Manoel Felipe, desde que esteja desprovida de muros e com acesso livre à população e visitantes. A Ribeira poderia ser revitalizada recuperando os últimos casarões em decomposição para instalar casas de shows. E tantos outros logradouros interessantes que, nas mãos de especialistas no ramo dos espetáculos, modificariam a panorama da cidade.
Por último, a ideia de iluminar o Morro do Careca e, sob efeitos especiais de jogos de luzes, fazer o trenó do Papai Noel subir o morro e ganhar os céus na época natalina. A imagem teria um efeito inusitado e belo – bom saber se o espetáculo pirotécnico não assustaria os calangos da vegetação contígua nem encandearia os caranguejos da praia de Ponta Negra.
Houve uma época em que se ensaiou o Natal em Natal, com shows espalhados pelos bairros e desfiles natalinos programados em determinadas avenidas, porém, faltou persistência – ou boa vontade – e tudo voltou ao estado de desinteresse de sempre. Nada custa ficar repisando o assunto, mesmo que eu me torne um chato.
A vigência do novo Plano Diretor da capital pode se transformar num divisor de águas e trazer benefícios para a nossa Natal. Um anfiteatro na beira-mar da Via Costeira seria também interessante. E não esquecer a frase cunhada por Diógenes da Cunha Lima, que representa bem o espírito do nosso povo e deveria estar estampada num portal na entrada da cidade: Aqui, todo dia é dia de Natal!
José Narcelio Marques Sousa é engenheiro civil
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