Adauto José de Carvalho Filho
Quem viver verá.
Quem viveu, lamentavelmente, viu. O último congresso do Partido dos Trabalhadores mostrou a verdadeira face dos nossos homens públicos, políticos ou não. Um partido que, em passado recente, combatia, tal uma prática demoníaca, a CPMF, o imposto sobre o cheque, agora defende com todas as forças e convicções. Ver o presidente do PT, Rui Falcão, defender a volta do tributo, soa ultrajante. Os homens públicos tem que ser verdadeiros e se posicionarem no decoro do cargo que ocupam. Nada contra o apoio do PT ao retorno da CPMF, mas deveria declarar que fazia oposição casuística no momento em que foi cogitado e instituído.
A indispensabilidade de um ajuste fiscal é visível, mas tem que ser responsável. E aumentar a carga fiscal do contribuinte brasileiro e retroagir práticas tributárias ideologicamente negadas no passado, é requinte de mediocridade. Penalizar a sociedade ajustando bilhões de reais e, ao mesmo tempo, é exposta uma gastança irresponsável e uma corrupção sistêmica que montam bilhões e, no mínimo, incoerente, hilário, uma verdadeira piada.
O governo se acha no direito de ajudar outros governos ditaduras ou fascistas, ou os dois, tudo junto e misturado, como Cuba, Argentina, Bolívia, Venezuela, Equador, Guatemala, Angola, Moçambique jogando pelo ralo bilhões de reais e escândalos de esquemas de corrupção que se beneficiaram com outros bilhões de reais, mostra a face de homens públicos mascarados e irresponsáveis. Em nenhum momento nega-se o pressuposto constitucional de ajuda a outras nações, mas tudo deve ser feito numa linha de coerência com as políticas internas e externas que o país deveria adotar.
Financiar um porto em Cuba, com o seu dinheirinho, parece altruísmo governamental, mas, na verdade, é um ato digno de pena. Os nossos portos caindo aos pedaços, com um custo operacional caríssimo, aumentando o valor do frete, é nos penalizar duas vezes. Pela liberalidade de doar bilhões a Cuba e pelo aumento do frete nos produtos que você compra. E por aí vai…
Uma usina termoelétrica na República Dominicana, enquanto nossos parques aeólicos estão sem rede transmissão, onerando o preço da energia, além do desperdício; projeto de irrigação no Equador em detrimento do projeto da transposição do Rio São Francisco, que ficou pela metade e mais desperdício; uma rodovia novinha na Guatemala, enquanto trafegamos em buracos; um gaseoduto na argentina, enquanto se perde dinheiro com o desperdício do nosso gás natural; e o custo da corrupção que é incalculável. Do mensalão ao petrolão bilhões rechearam bolsos de confrades com grandes biografias que, acreditando na impunidade, nem se dão o trabalho de negar.
O sistema está escrachado.
E nós, em silêncio, aceitando tudo. Um panelaço aqui, outros acolá e a turma do deixa disso mantem tudo em águas mornas. É o Brasil que cala e suporta toda espécie de desmando com a passionalidade de um corno manso. É a crueza de uma república laica e lacaia.
Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, escritor e Poeta
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