RESENHAS COTIDIANAS… (PARTE 1) –
Eu estava receosa em comprar o carro numa loja que eu não conhecia a procedência. Quem me conhece sabe que tenho algumas intuições que sempre me sinalizam quanto a situações boas e ruins. Um tipo de estalo se dá e sinto sensações que não consigo explicar. Sempre que isso acontece desemboco na razão para entender e buscar a melhor forma de agir. Já tinha ido nessa mesma loja umas três vezes, e algo sempre me fazia retornar. Então decidi: Vou comprar aqui!
Ao entrar na loja dou de cara com um amigo de trabalho. César estava com o seu filho, tinha ido deixar seu carro para vender. Ele conversava com o vendedor Joãozinho. Juninho, o vendedor que me atendeu nas muitas vezes que estive lá, veio me recepcionar, e nos juntamos à Cesar e aos demais.
– Flávia, você está comprando um carro? Pois saiba que veio ao lugar certo. Todos os meus negócios de compra e troca de carros eu os faço, há nos, aqui nesta loja. Fique tranquila que aqui só tem gente de bem!
Parecia que ele estava lendo meus pensamentos e comungando de minhas aflições. Já na sala para fechar o negócio, detalhando valores, procedimentos, taxas e transferências, tive a certeza de que a minha intuição funcionara. O dono da loja detalhou as despesas e uma me chamou a atenção:
– O valor que o banco cobra para fazer a transferência de débito é por volta de R$ 400,00, isso estourando – falou o proprietário.
Na loja anterior o dono havia me cobrado R$ 2.500,00 só por esse serviço. Na ocasião, levantei no mesmo instante que ele acabou de falar o valor. Subestimar a inteligência de uma mulher e, no mínimo, o mix de preconceito, burrice e ignorância.
O melhor dessa história toda é ver o semblante dos caras ao olhar meu documento de habilitação. Impagável as cenas que já presenciei quando eles identificavam a minha condição de categoria “D”.
– Eles que lutem, né minha filha!
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]