RETROSPECTIVA DESAGRADÁVEL PARA A CIDADE DE NATAL –
O Brasil passou por um “arrastão” de malfeitos administrativos nestes últimos anos. As relações de poder entre os repasses federais aos Estados e Municípios entraram em um compasso de desequilíbrio uma vez que o poder central também anunciou o desmilíngue financeiro do erário, enquanto se anunciavam casos de corrupção a rodo. Obras superfaturadas que, pode-se dizer, terçaram verbas originalmente direcionadas para hospitais, escolas e área de segurança; quantias, por certo, que estariam agregadas aos montantes irradiados para megaempreendimentos federais e estaduais. E ainda. Dois vendavais sugadores de verba pública, que até poderiam produzir retornos se estivessem noutra situação de assentimento ético ou de comprometimento legal sustentável. A Copa do Mundo de futebol e as Olimpíadas, empreendimentos oficiais que, em todo o mundo, tornam-se patentes esportivas temporárias, que servem para desvelar para o exterior um país, uma governança, uma política que, em tese, deveriam funcionar a contento na maioria dos países-sede. No Brasil, infelizmente os resultados foram catastróficos, tanto em termos de arrecadação quanto esportivos. Esperamos que pelo menos haja um aprendizado a ser amplamente analisado.
Na sequência aos pífios placares, tivemos um impeachment da presidente Dilma, que pôde se traduzir como um “fechar as portas” para a administração central, no contexto partidário, inflacionário e trabalhista. Empregos começaram a escassear e a veia assustadiça do brasileiro fez atiçar movimentos espetaculares de protesto pelas ruas de São Paulo e do Brasil. Passada esta novidade de troca de governo, assumiu o vice, entrou o Temer. No Rio os tambores insuflaram para anunciar a quebradeira oficial com o famigerado atraso de salários, justamente para aqueles que fazem andar a máquina pública funcional: ensino, saúde e área de segurança. Mais estados aderiram ao drama.
E a cidade de Natal entrou em cena com as imagens tenebrosas das rebeliões de presidiários com mortes e destruição de patrimônio. De pronto a mídia brasileira identificou falhas gritantes na condução administrativa do estado e da capital potiguar. Como se chegou a esse ponto devastador? A piora acontece agora com as festas de fim de ano e a temporada de turismo, que nenhum estado deve desprezar estas ocasiões especiais até para a imagem pública do lugar. Os policiais da presença ostensiva anunciam a greve, ou seja, uma espécie de abertura de tranca para a criminalidade. Os contribuintes diretos da cidade, a população que investe, trabalha, para pagar o imposto devido; e os indiretos, os turistas, tornam-se alvos deste desequilíbrio deletério das contas públicas. Fatos esperados e lamentáveis. A Secretaria do Tesouro Nacional. rejeitou pedido de aporte de verbas para o governo do Rio Grande do Norte que soa como um cartão vermelho para os imprecantes. Segue a lógica para o pior, e a certeza que todos estão no mesmo barco com velas desaprumadas e leme arrevesado. A saída terá que vir da cidade com seus sustos, e incertezas, ou com a esperança que é a última a entregar os pontos.