REVELAÇÕES SURPREENDENTES –
Prepare o seu coração, e para mudar tudo o que você aprendeu na escola sobre nossa história. Segundo fontes credenciadas, nem foi Cabral quem descobriu o Brasil, nem foi Colombo quem descobriu a América, nem o menino Jesus nasceu no dia do Natal.
Vamos começar pelo que há de verdade nas circunstâncias do descobrimento do Brasil.
Naquele tempo, manter segredo sobre os descobrimentos no Novo Mundo era questão de Estado para a coroa portuguesa. Os diários de bordo eram trancados a sete chaves, e quem ousasse revelar seu conteúdo era condenado à morte.
Pois bem. Em uma dessas missões secretas, o cosmógrafo e navegante Duarte Pacheco Pereira teria chegado por aqui em 1498. Cabral teria vindo depois apenas tomar posse oficial, e fazer estardalhaço sobre a descoberta. O feito encontra-se registrado no Tratado dos Novos Lugares da Terra, de autoria do próprio Pacheco e publicado somente em 1882. Tudo confirmado pelo historiador português Jorge Couto, em seu livro A Construção do Brasil, publicado em 1995.
Existem também alguns escritos que comprovam a presença anterior do italiano Américo Vespúcio, e dos espanhóis Yanez Pinzon e Diego de Lepe. Sem falar nos chineses, por volta de 1421…
Por outro lado, o caro leitor já deve ter percebido que o nosso continente tem o nome de América, e não de Columbia. Claro, homenageia-se a Vespúcio, o verdadeiro descobridor do Novo Mundo. Vespúcio dá a entender, em seu Novus Mundus, que esteve por aqui em junho de 1499.
Colombo jurou até o fim da vida que havia chegado à China ou à Índia, e essa teimosia arruinou sua carreira; somente tendo sido reabilitado, em 1866, quando americanos de origem italiana inventaram o Columbus Day: um truque ideológico dos imigrantes italianos, com o objetivo de obterem o reconhecimento como cidadãos estadunidenses.
Temos ainda a comprovação documental de que os navegadores espanhóis Yanez Pinzon e Diego Lepe foram condecorados pelo rei da Espanha, por terem “descoberto o Brasil”, em janeiro de 1500.
Calma. Misture tudo, respire, e se acalme. Tem mais.
O Nascimento de Jesus é, talvez, o maior acontecimento da história da humanidade. É com certeza um dos maiores milagres que a humanidade registra em sua história, além de ser um fato único. Agora, vamos enfrentar a revelação mais impressionante: Cristo não nasceu em 25 de dezembro.
Como assim? O que realmente aconteceu? Jesus teria nascido durante o reinado de Otávio Augusto, primeiro imperador romano; sem se saber o mês e o dia. Os romanos eram politeístas. Mitra, um deus persa que representava a Luz, a Benevolência e a Sabedoria, esse sim, era o aniversariante na data de 25 de dezembro, em Roma, pelo menos até o século II.
A data coincide com o início do solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Daí em diante, o Sol fica mais tempo no céu até o final do verão e significa a certeza de boas colheitas no ano seguinte. Motivo para festas, com trocas de presentes. Com o mesmo motivo, e no mesmo período, os gregos celebravam Dionísio, o deus do vinho, os egípcios festejavam o deus Osíris.
Os primeiros seguidores de Jesus guardavam apenas o martírio, a Sexta-feira Santa e a ressurreição, a Páscoa. Diziam que não fazia sentido comemorar o nascimento de um santo ou mártir, já que ele somente se torna sagrado após a morte. Também concordo, faz sentido.
Ninguém fazia ideia (ainda não faz) da data do nascimento de Jesus. Somente em 221 d.C o historiador Sextus Julius Africanus afirmou, com o aval da Igreja, que Jesus havia nascido na mesma data do deus Mitra. O Novo Testamento (Mateus e Lucas) não se refere a data do nascimento.
Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, da Unicamp, somente a partir do século IV, portanto, quando o Cristianismo virou religião oficial do Império Romano (no império de Constantino, em 313), a comemoração do solstício do inverno, o Festival do Sol Invicto, mudou de homenageado. Associado ao deus-Sol, Jesus assumiu a forma da Luz que traria a salvação para a humanidade. Uma troca telúrica, bastante inteligente.
Ainda que essas revelações tenham sido surpreendentes, e não se saiba quando Jesus nasceu, ame as pessoas como Ele ensinou; e – na festa do Natal – não troque o aniversariante por Papai Noel.
Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
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