“REVOLUÇÃO À VISTA NOS ESTADOS UNIDOS” –
Após a posse de Donald Trump, o que acontece nos Estados Unidos não é meramente uma mudança de regime.
É uma revolução, que visa remodelar a América do pós-guerra, através da divergência com as teorias liberais no mundo.
Como todas as revoluções, o movimento de Trump carrega contradições internas e oposição externas.
Traz uma abordagem distintamente diferente para a política global.
A revolta americana contra a ordem liberal vem de algum tempo no século 21.
Esse descontentamento crescente, ajudou Trump a tornar-se um “outsider” e derrotar dinastias políticas estabelecidas como os Clinton (democratas) e os Bushes (republicanos) para ganhar a Casa Branca nas eleições de 2016.
Trump é tido como o “escolhido” para desafiar o establishment.
Independentemente da questão da “influência divina”, Trump está emergindo como uma figura-chave em um grande esforço para reformular radicalmente os sistemas social, político e econômico da América.
Desafios
A revolução de Trump desafia quatro aspectos principais do liberalismo arraigado na América.
Primeiro, a crença liberal em impor seus “valores superiores” à sociedade — abrangendo identidade de gênero, discurso permissível, educação e o relacionamento entre indivíduos.
Trump prometeu restaurar a liberdade de expressão e reintroduzir valores tradicionais na vida cívica.
Ao contrário de Biden, Trump não categoriza o mundo em “democracias” e “autocracias”, nem busca promover os direitos humanos globalmente.
Segundo, desfaz a noção liberal de que fronteiras são irrelevantes e que a América deve acolher todos os migrantes.
O foco de Trump é recuperar o controle sobre as fronteiras dos EUA e deportar estrangeiros ilegais.
Terceiro, a ideia liberal de que a América pode absorver indefinidamente as exportações globais perdeu apoio. O debate atual se concentra nas medidas necessárias para reequilibrar o comércio dos EUA com o mundo.
Tanto republicanos quanto democratas se opõem à estrutura de comércio global centrada na OMC, instituição que Trump já rompeu na posse.
Quarto, desde a Segunda Guerra Mundial, os internacionalistas liberais em Washington têm insistido que os americanos devem “suportar qualquer fardo e pagar qualquer preço” para sustentar a liderança global dos EUA.
Trump discorda, e detesta os “globalistas”.
Exige a primeira prioridade para os interesses dos americanos.
Observa-se que Trump está emergindo como uma figura-chave para reformular radicalmente os sistemas social, político e econômico da América.
Realmente, uma Revolução à vista!
Ney Lopes – jornalista, advogado e ex-deputado federal