REVOLUÇÕES III –

Depois do intervalo, volto ao assunto. Começo de onde terminei, ano de 1964, quando a pressão do povo forçou as Forças Armadas a intervirem, derrubando um governo que estava levando o país ao desastre.

Com a ação militar, Goulart fugiu do país e o Congresso, considerando o cargo vago, elegeu provisoriamente Ranieri Mazzilli. Em seguida, foi eleito Castelo Branco, que governou o país de 1964 a 1967. Cercou-se de um grupo de Ministros competentes e que salvaram o país do pior. A economia foi entregue a dois economistas conhecidos pela sua competência, Otávio Bulhões e Roberto Campo. Essa era a área mais conturbada, com alta inflação e desorganização generalizada.

Criaram o PAEG, Plano de Ação Econômica do Governo, e tomaram providencias que começaram a modificar a situação, diminuindo a inflação, incentivando novos investimentos, atraindo capitais externos. Em relativo pouco tempo o Brasil começou a sentir a reação, e sua economia, a crescer. Houve certa resistência e incompreensão, pois eram medidas duras para dominar a inflação e organizar o sistema tributário, entre outras ações que contribuíssem não somente para a estabilização econômica, mas que também servissem de base à retomada do crescimento.

À Castello, seguiram-se os demais governos militares, todos eleitos pelo Congresso. Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. Geisel iniciou a abertura, concluída por Figueiredo.

Surgiram movimentos contrários, que se valeram do terrorismo, inicialmente com ações menores, mais que começaram a se tornar evidentes e mais perigosas a partir do atentado à Costa e Silva, no Recife. Estava em campanha para sua eleição como Presidente. Escapou do ataque, mais morreram algumas pessoas e muitas ficaram feridas.

Com o crescimento dessas agressões, o governo reagiu com atuação crescente. O duelo tornou-se cada vez mais intenso, refletindo-se em sequestro de pessoas, de aviões, ataques a bomba e assassinatos. Óbvio que a uma ação desse tipo, a reação do governo não poderia ser diferente. Assim mesmo, reação suave, se comparada com a do Chile e da Argentina. Tanto foi assim que uma boa parte dos envolvidos nesses delitos estiveram no poder e muitos ainda estão por aí, em funções diversas.

Com a abertura, ressurgiram grupos políticos diversos, que elegeram Tancredo Neves para presidente. Infelizmente, faleceu antes de tomar posse, e assumiu Sarney. O resto da história é conhecido.

Essa é minha opinião pessoal sobre tudo isso. Provavelmente muitos não vão concordar com ela. Têm, felizmente, todo o direito de fazê-lo, como eu tenho de expressá-la. Mas, lembrem-se, dou uma opinião pessoal, da qual alguns podem discordar, graças ao que chamaram de ditadura militar e outros, como eu, de contrarrevolução, que nos salvou de nos tornarmos uma ditadura estilo Cuba, como se tornou hoje a Venezuela.

Foi a salvação do Brasil. Quem viveu aquele período conturbado, sem sossego e com sobressaltos diários, quem não concordava com o populismo de esquerda que procurava controlar o país, vê o movimento de 1964 como uma redenção.

 

 

Dalton Mello de Andrade – Escritor, ex-secretário da Educação do RN

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