Casas em Juatuba (MG), cidade em que o rio Paraopeba, atingido pelos rejeitos de Brumadinho, inundou — Foto: Arquivo Pessoal / Josiélia Feitosa
Casas em Juatuba (MG), cidade em que o rio Paraopeba, atingido pelos rejeitos de Brumadinho, inundou — Foto: Arquivo Pessoal / Josiélia Feitosa

A água do Rio Paraopeba, contaminada há um ano pelo rejeito de minério despejado no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, e ainda imprópria para uso, inundou casas e ruas de Juatuba (MG) durante as chuvas dos últimos dias.

Os moradores temem o contato com materiais tóxicos. Eles reclamam de falta de orientação dos órgãos públicos de como lidar com essa lama.

A prefeitura de Juatuba admite a possibilidade de que a lama tenha metais pesados, mas diz que ainda fará testes para avaliar a presença e o nível de tóxicos, com ajuda da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semad).

Ainda não há previsão de datas para estes testes. O portal  G1 entrou em contato com a Semad nesse domingo (2), mas ainda não teve retorno.

A preocupação é ainda maior pelo fato de haver casas que usam cisternas de água, atingidas pela inundação do rio. A prefeitura orientou os moradores a não usar essas cisternas e diz que está fornecendo água de caminhões-pipa para eles.

No dia 25 de janeiro de 2020, a água do Rio Paraopeba ainda continuava imprópria para uso um ano após o rompimento da barragem da Vale.

Temor com chuvas

Uma das preocupações era de que o minério no leito do rio fosse revolvido quando chegasse a próxima temporada de chuva, voltando à superfície e piorando a qualidade hídrica de novo. Esta preocupação poderá ser avaliada agora.

Enquanto isso, as pessoas que tiveram suas casas alagadas nos últimos dias têm medo até de entrar para avaliar os danos e limpar os cômodos e objetos, com medo do contato com material tóxico.

“Na minha casa a água subiu dois metros, de uma vez, na madrugada. Sei que perdemos muita coisa. Mas ainda está lá do mesmo jeito. Ainda não entrei lá porque a gente fica com medo da lama. Não vou arriscar a minha saúde ou da minha família”, diz a comerciante Nadya Correa Amaral, 34 anos.

“Quem vai entrar lá naquela lama sem saber se está poluída? Todo mundo está com medo. É aquela lama fina, brilhante. Já fomos prejudicados no ano passado e agora de novo”, diz Nadya.

A inundação na casa de Nadya aconteceu no dia 22 de janeiro. Ela não estava em casa naquela noite e não está desabrigada, pois tem outro imóvel em Juatuba que não foi alagado.

Prefeito diz que pode haver material tóxico

O Prefeito de Juatuba, Antônio Adônis Pereira (Patriota), diz que uma parte das casas foi inundada pelo Ribeirão Mateus Leme, que não foi diretamente afetado pela lama de Brumadinho. O ribeirão desemboca no Rio Paraopeba. Mesmo assim, o material dessa inundação também será examinado.

“Também demos assistência a todos os desabrigados”, afirma o prefeito. Sobre os locais afetados pela água do Paraopeba, ele diz que “tem chance de contaminação de metal pesado, o rio transbordou e provavelmente deixou esse material.”

“Já decretamos emergência no município e, na segunda-feira teremos uma reunião de todos os secretários para agilizar os exames todas as medidas”, diz Antônio Adônis Pereira.

Animais em risco

“Nós estamos muito ansiosos e com pouca informação”, diz a funcionária pública Joelísia Feitosa, 56 anos, que faz parte da associação de moradores do Bairro Satélite de Juatuba.

“A cidade está mais exposta do que nunca, essa lama invadiu as ruas e as casas. Precisamos de um laudo técnico, saber o que as famílias precisam fazer”.

“Os animais também ficaram expostos. Antes, havia uma cerca no rio para protegê-los, pois os animais que bebiam a água dele estavam morrendo. Agora, a água avançou o limite dessa cerca”, relata Joelísia.

“Já procuramos a força-tarefa do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), para nos ajudar, e teremos uma reunião com eles na próxima semana. Mas até agora, não temos nenhuma orientação oficial”, ela afirma. O G1 também entrou em contato com o MPMG, mas não teve resposta.

Fonte: G1

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