Houve um tempo em que a família brasileira era leitora fiel da revista Seleções – nome da versão brasileira da Reader’s Digest. Circulando no país desde fevereiro de 1942 e vendida predominantemente por assinatura, Seleções sempre apresentou um formato peculiar: menor do que um periódico como a VEJA e maior do que um livro de bolso.
A publicação contempla assuntos diversificados incluindo conhecimentos gerais, biografias e literatura com a intenção de educar e estimular a leitura. Durante anos meu pai manteve uma assinatura de Seleções, da qual eu soube tirar proveito.
Deleitavam-me, em particular, as anedotas publicadas nas seções “Ossos do ofício”, “Flagrantes da vida real” e “Rir é o melhor remédio”. Tais quais as suas matérias leves e informativas, as piadas nunca descambavam para o grotesco ou para a vulgaridade.
Remexendo em tralhas esquecidas num depósito encontrei alguns exemplares antigos da revista. Desacostumado com a leitura de Seleções, foi movido pelo inconsciente que comecei a folhear o achado. Talvez, para encontrar resquícios escondidos do meu passado. Deles pincei estas pérolas de humor refinado:
- “Antes de nos casarmos, eu saía com homens mais inteligentes que você!” – grita a mulher raivosa para o marido. “Eu sei!” – rebate ele. “Sem dúvida foram pessoas inteligentes o bastante para não cometerem o erro que cometi”.
- Totalmente calvo aos 70 anos, o homem olhou-se no espelho e disse ao filho: “Extraordinário!”. “O que papai?”. “Na minha idade, e nenhum fio de cabelo branco na cabeça”.
- O chefe de Recursos Humanos explica a um jovem solteiro a razão de não contratá-lo. “Desculpe, mas nossa empresa só trabalha com homens casados”. “Por quê? Por acaso eles são mais inteligentes e competentes que os solteiros?”. “Não, eles estão mais acostumados a obedecer”.
- No jardim do Éden, Eva pergunta a Adão: “Você me ama?”. Adão responde: “E eu tenho escolha?”.
- O velho acaba de morrer. O padre encomenda o corpo e se rasga em elogios: “O finado era um excelente cristão, um pai exemplar, um marido fiel…!”. A viúva, então, se vira para um dos filhos e lhe diz ao ouvido: “Vá até o caixão e veja se é mesmo o seu pai que está lá dentro!”.
- Pouco antes do casamento, o pai da noiva se aproxima do noivo e pergunta: “Meu rapaz, o senhor tem condições de sustentar uma família?”. “É claro!” – responde ele. “Ótimo, somos nove!” – alegra-se o pai.
- A mulher queixava-se ao marido: “É um desaforo! Vocês passam o tempo todo falando mal das sogras. Elas também são humanas”. “Não se queixe, querida. Eu nunca falo mal da sua sogra. Sempre falo mal da minha”.
- “Gostaria de morrer dormindo, como aconteceu com meu avô. E não gritando de terror, como os passageiros do ônibus que ele dirigia”.
- Dois casais jogavam cartas todo domingo, havia 40 anos. Na falta de assunto, um dos homens disse: “Ando me esquecendo de tudo… Resolvi fazer um curso para melhorar a memória”. O outro: “Isso me interessa. Onde é o tal curso?”. O primeiro pensa e pergunta: “Como se chamava a mulher de Abraão?”. E ouve: “Sarah”. Virando-se para a esposa, tasca: “Sarah, onde é mesmo o curso que estou fazendo?”.
Realmente, rir ainda é o melhor remédio.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – [email protected]
Ainda rindo; bem que estou precisando de um curso destes de memorização!