RUGBY… – 

Depois de um dia de trabalho exaustivo corro para a academia.  Uma ou duas horas de cabeça leve são importantes para manter meu foco. Decido mudar um pouco a rotina e sigo para a esteira. Normalmente faço spinning , Yoga, pilates… Precisava mudar os ares.

Diante de mim duas TVs.  Em uma passava os valores dos ingressos dos jogos de futebol brasileiro.  $400 um ingresso? Fala sério! Mas, se está este valor é porque tem quem pague.

Mudo minha atenção para um jogo de rugby.  Se me perguntassem quais os 10 esportes que eu nunca assistiria a uma partida nem assim rugby entrava na lista. Eu não me lembraria da sua existência… Diante da posição da tela, acabei assistindo…

Um jogo Argentina X Austrália.  Uma arquibancada sem muitos espectadores.  Alguns de máscara,  outros não.  Mas, algo além me chama a atenção.  Os uniformes dos jogadores.

Camisa Polo super fofa. Bem estilo anos 80. Usaria facilmente, até porque amo as cores da Argentina, nossa fiel arqui-inimiga.

Entretanto, o calção era branco. Branco? Nenhuma mulher na federação para dizer:

– Meus amores, nada de branco para brincar na grama. É difícil de lavar!

Nenhuma?

As camisas de escola de nossos filhos nunca permaneceram brancas por todo o ano letivo. Podia usar vanish ou água sanitária pura, deixar de molho e por no sol, mas o máximo que conseguia era esticar a sanfona da cintura.

Branco branco só na primeira semana de uso. Talvez primeiro mês….

Ri sozinha disso.

Ri porque faz tempo que não lavamos os uniformes.  O maior velho na faculdade e o caçula sem pretensão de assistir às aulas presenciais.

Vejo, então, duas crianças subindo para o espaço kid, uma delas a mãe ralhando para subir mais rápido.

Quase corri atrás dela.

Sim, daquela desconhecida que.nem imagina me fez querer trocar algumas palavras.

Meu amor, o tempo voa.  Escorre pelas mãos, como diria Lulu santos. Precisava dizer isto a ela.

Ontem nosso mais velho nascia e nos ensinava a sermos pais. Hoje faz 20 anos e continua nos ensinando a mesma lição.

O tempo voa. Assim como os pensamentos.  Que voam do rugby,  de seus uniformes, para uma cesta de roupa suja e de vermos que nossos filhos cresceram muito mais rápido do que esperávamos ou mesmo queríamos.

E esta é a alegria da vida. Um ir e vir de pensamentos e emoções que encantam nossos dias e nos fazem agradecer a Deus pela oportunidade de acordarmos e vermos um mundo lindo.

Sim, basta ter olhos para isso…

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, professora universitária e escritora

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