A guerra na Ucrânia entrou nesta segunda-feira (28) em seu quinto dia com a tomada de duas cidades por tropas russas, de acordo com o divulgado pela agência russa Interfax, e que cita como fonte o Ministério de Defesa da Rússia (as cidades são Berdyansk, na costa do Mar de Azov, e Enerhodar). Segundo o governo da Ucrânia, militares do país seguem conseguindo conter o avanço de tropas russas na capital Kiev
O dia também começou com sanções da União Europeia ao Banco Central russo. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem uma proibição de transações com o instituto financeiro. Já o Japão sancionou o Banco Central da Rússia e limitou as transações que a entidade russa pode fazer, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida.
Envio de armas
Os parceiros da Otan vão fornecer mísseis de defesa contra ataques aéreos e armas contra tanques de guerra, segundo afirmou nesta segunda-feira (28) o secretário-geral da entidade, Jans Stoltenberg, em uma rede social.
Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, disse que a União Europeia também aprovou envio de caças à Ucrânia.
Armas nucleares em posição de alerta
Neste domingo (27), Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse que colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta. Segundo a agência de notícias Reuters, ele tomou a decisão depois de ouvir declarações que considerou agressivas de representantes dos países que fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Para o ministro de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, entretanto, a fala do russo é distração. “O objetivo é disfarçar que suas tropas não estão progredindo na Ucrânia”, disse ele.
“Ele fez esse comentário, nós vamos avaliar, mas, sabe, o que nós não podemos nos esquecer é que essa é uma grande tentativa de causar distração em relação aos problemas que ele tem na Ucrânia só por empregar esse tipo de frase na mídia”, disse Wallace.
Quem também classificou as declarações de Putin como distração foi Boris Johnson, primeiro-ministro britânico. “Acho que é uma distração do que realmente ocorre na Ucrânia. É um povo inocente, que enfrenta uma agressão não provocada. O que acontece de verdade é que estão se defendendo com mais eficácia, com mais resistência”, acrescentou Boris Johnson.
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco não se envolverá após as declarações de Putin. “Não vamos continuar com essa escalada”, disse Borrell à BBC.
Já a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU), Linda Thomas-Greenfield, afirmou que a ordem de Putin mostra que o líder russo está escalando o conflito de uma maneira que é inaceitável.
Tribunal Penal Internacional
A Ucrânia protocolou um processo contra a Rússia no Tribunal Penal Internacional, em Haia, disse no Twitter o presidente Volodymy Zelensky, neste domingo (27).
“A Rússia deve responder por ter manipulado a noção de genocídio para justificar a agressão. Nós exigimos uma decisão urgente para pedir que a Rússia pare com as atividades militares agora e esperamos que o processo comece na semana que vem”, escreveu ele.
Anonymous e protestos
O grupo hacker-ativista Anonymous anunciou que está em andamento um “cyber ataque contra a Rússia”. De acordo com o perfil da organização, a TV estatal russa foi hackeada e está transmitindo “a realidade do que está acontecendo na Ucrânia”. O governo ucraniano conta com voluntários para travar uma guerra cibernética contra os russos.
Neste domingo, a fabricante de armas estatal ucraniana Ukroboronprom informou que o maior avião de carga do mundo, o Antonov-225 Mriya, fabricado na Ucrânia, foi queimado em um ataque russo ao aeroporto Hostomel, perto de Kiev (leia mais sobre a aeronave).
E a polícia deteve neste domingo mais de 2 mil pessoas em protestos contra a guerra realizados em 48 cidades da Rússia. Desde o início da invasão à Ucrânia, mais de 5,5 mil pessoas foram presas em diversas manifestações, de acordo com o grupo OVD-Info, que há anos documenta a repressão à oposição russa.
Brasil
O Ministério das Relações Exteriores informou neste domingo (27), em nota, que 80 brasileiros já deixaram a Ucrânia e foram para países fronteiriços. Ainda, segundo o Itamaraty, cerca de 100 brasileiros registrados na embaixada do Brasil em Kiev ainda estão em solo ucraniano.
O jogador de futebol brasileiro Felipe Pires, atleta do Dnipro, disse que teve de pagar para deixar a Ucrânia pela fronteira com a Romênia, porque o governo ucraniano não estava autorizando a saída de homens do país, independentemente da nacionalidade
Já o presidente Jair Bolsonaro disse que o Brasil irá adotar um posicionamento neutro em relação à invasão russa à Ucrânia, pois não quer “trazer as consequências do embate para o país”.
Resumo dos últimos acontecimentos:
- O governo da Ucrânia informou que as negociações com a Rússia já começaram.
- Putin colocou equipes de armas nucleares em posição de alerta.
- Bilionários russos pediram o fim de guerra na Ucrânia.
- G7 disse que Ocidente cortou alguns bancos de sistema internacional de pagamentos Swift.
- Embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a ordem de Putin mostra que o líder russo está escalando o conflito de uma maneira que é inaceitável.
- Israel se ofereceu para intermediar as negociações entre a Ucrânia e a Rússia.
- União Europeia começou a fornecer quantidades ‘significativas’ de armas à Ucrânia.
- A União Europeia aprovou envio de caças à Ucrânia. Ainda não está claro quando eles serão enviados.
Maior ataque na Europa em 80 anos
O ataque é o maior de um país contra outro desde a Segunda Guerra Mundial, há 80 anos.
Na quinta, tropas russas atacaram a Ucrânia por três frentes (terra, ar e mar), rapidamente tomando Chernobyl, no norte do país. Na madrugada de sábado (26), no horário local, a ofensiva de Moscou alcançou Kiev. A capital ucraniana foi atingida por explosões que causaram danos em áreas residenciais da cidade.
Na sexta (25), o governo da Rússia afirmou estar pronto para enviar uma delegação a Minsk, capital belarussa, para conversas com a Ucrânia, acrescentando que a desmilitarização da Ucrânia seria uma parte essencial da negociação. Pouco antes, o governo da Ucrânia afirmou que está pronto para conversas com a Rússia, inclusive sobre o status neutro em relação à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança que tem papel importante na disputa entre os dois países
Em resposta ao ataque russo à Ucrânia, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido anunciaram sanções contra o presidente Vladimir Putin. A Rússia, por sua vez, usou seu poder de veto para barrar a resolução do Conselho de Segurança da ONU que serviria para condenar a invasão da Ucrânia.
“Se as conversações forem possíveis, elas devem ser realizadas. Se em Moscou eles dizem que querem manter conversações, inclusive sobre o status neutro, não temos medo disso”, disse Mykhailo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano à agência de notícias Reuters.
Apesar das declarações do porta-voz Peskov, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que os militares ucranianos deveriam tomar o poder, sugerindo a derrubada do presidente Volodymyr Zelensky. Em discurso na TV, Putin disse que será mais fácil para eles se os militares tomarem o poder. No mesmo vídeo, ele chama Zelensky e os membros de seu governo de “gangue de viciados em drogas e neonazistas”.
Otan
A Ucrânia atualmente não faz parte da Otan nem da União Europeia, embora queira aderir a ambas, o que desagrada a Moscou.
A Rússia e a Ucrânia vivem uma antiga história de conflitos. Ao longo dos séculos, a Ucrânia, uma ex-república soviética, fez parte de impérios, sofreu inúmeras invasões, foi incorporada pelos russos e pelos soviéticos, se tornou independente, mas nunca resolveu por completo sua relação com a Rússia.
Fonte: G1