O órgão de vigilância agrícola da Rússia está considerando proibir toda a importação de carne suína e bovina do Brasil após encontrar o aditivo alimentar ractopamina em alguns embarques, disse à Reuters nesta quarta-feira (15) a porta-voz do regulador, Yulia Shvabauskene.
A ractopamina é proibida na Rússia, embora alguns países considerem que é segura para consumo humano.
A Rússia, atualmente negociando com o Brasil sobre o início das exportações de trigo, usou preocupações sobre a ractopomina no passado para alavancar sua posição em negociações com outros países sobre outros produtos.
Rússia aumentou as restrições para a carne brasileira nos últimos dias de outubro. A autoridade sanitária do país proibiu temporariamente a importação de um frigorífico brasileiro e impôs controles sanitários mais rígidos a outros cinco.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirmou que a decisão da Rússia não tem relação com a Operação Carne Fraca e que “com certeza” o problema identificado pelos russos não é grave.
Em 2016, a Rússia foi o quarto maior mercado para a carne brasileira, atrás apenas da China, Hong Kong e Arábia Saudita. O país importou cerca de US$ 1 bilhão do Brasil em 2016, cerca de 7,5% do total.
Desde a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março deste ano, diversos países adotaram medidas restritivas à carne brasileira.
Após o escândalo, a União Europeia trouxe uma equipe de auditoria ao Brasil para inspecionar a carne brasileira. No relatório da missão, a UE apontou que encontrou mais de 100 focos de contaminação na carne brasileira, 77 deles devido à presença de salmonela em aves.
A UE ameaçou tomar medidas mais rígidas contra o Brasil se o país não tomasse medidas convincentes.
Em junho, os EUA suspenderam a importação de carne bovina in natura do Brasil por problemas de qualidade. Na ocasião, os produtores disseram que o gado sofreu uma reação à vacina de febre aftosa.
As exportações brasileiras de carne foram afetadas nos meses seguintes à operação Carne Fraca, mas já foram retomadas e vêm contribuindo positivamente para o superávit da balança comercial brasileira.
Entre janeiro e outubro, o Brasil exportou US$ 12,6 bilhões em carne de todos os tipos, uma alta de cerca de 8% em relação ao registrado no mesmo período de 2016, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).
Fonte: G1
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