Uma espaçonave russa Soyuz está programada para levar um milionário japonês à Estação Espacial Internacional (ISS) na quarta-feira (8), uma jornada que consagra os esforços de Moscou para ganhar uma posição no lucrativo negócio do turismo em órbita.
O voo partirá da base de Baikonur, no Cazaquistão, em um momento crucial para a indústria espacial russa, que há anos tem sido afetada por escândalos e pela concorrência do setor privado dos Estados Unidos.
No ano passado, a empresa SpaceX do bilionário Elon Musk começou a levar passageiros para a ISS, encerrando um lucrativo monopólio que a Agência Espacial Russa (Roscosmos) detinha até então.
A expectativa da Roscosmos é abrir um novo capítulo enviando à ISS o magnata japonês da moda na internet Yusaku Maezawa, de 46 anos, que viajará com seu assistente Yozo Hirano.
A espaçonave será pilotada pelo veterano cosmonauta russo Alexander Misurkin, que já realizou duas missões para a ISS.
Os turistas espaciais japoneses passarão 12 dias na estação, onde farão vídeos para postar na conta do milionário no YouTube, que tem cerca de 750 mil seguidores.
Maezawa contou que tem uma lista de “quase 100 tarefas” que deseja realizar na estação espacial, especialmente jogar uma partida de badminton.
Os dois japoneses foram treinados na Cidade das Estrelas, uma vila construída nos arredores de Moscou na década de 1960, onde gerações de cosmonautas, primeiro soviéticos e depois russos, foram treinados.
A espaçonave Soyuz – que carregará uma bandeira japonesa para a viagem – foi transferida para a plataforma de lançamento no domingo, constatou um jornalista da AFP.
Esta missão, que foi organizada pela Roscosmos em colaboração com a empresa americana Space Adventures, marcará o regresso da Rússia à corrida no turismo espacial, após uma década de hiato.
Os dois parceiros colaboraram entre 2001 e 2009 para levar bilionários ao espaço oito vezes. O último cliente foi o fundador do Cirque du Soleil, o canadense Guy Laliberté.
A viagem dos japoneses acontece em um momento de multiplicação dos voos privados para o espaço. Em setembro, a SpaceX organizou um voo histórico que manteve quatro passageiros em órbita por três dias.
Um sinal da ambição crescente deste negócio é que a empresa de Elon Musk espera enviar vários turistas para dar uma volta em torno da Lua em 2023.
Maezawa – que financia esta operação – também está na lista de passageiros.
Nessa corrida estão outros atores da iniciativa privada, como a empresa Blue Origin, do bilionário americano Jeff Bezos, fundador da Amazon, que já organizou duas viagens.
A companhia Virgin Galactic do magnata britânico Richard Branson, permitiu em julho ao excêntrico empresário realizar seu sonho de cruzar a fronteira do espaço.
Moscou, que rivalizou com Washington durante a Guerra Fria, está determinado a recuperar seu status de potência espacial, após anos de escândalos de corrupção, cortes e constrangedores problemas técnicos.
Fonte: G1
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