RUTH HELENA –

Amiga, está sendo difícil escrever sobre você. Plagiando o poeta eu escrevo. “Eu tenho tanto pra lhe contar, mas com palavra não sei dizer.” A sua partida está sendo sentida por todos nós que lhe amamos, as palavras não são suficientes para expressar os nossos sentimentos, mas teria que lhe dizer algumas palavras que refletisse um pouco do que sentimos por você.

Hoje aqui chove fino, céu acinzentado, estou sentado em uma mesa do velho Mercado da Redinha onde praticamente começou a nossa amizade, olho as águas calmas do rio, me dá coragem de te escrever.

Vem as lembranças, é um belo dia, mas triste, lembro-me que ia todas as noites à Fundação José Augusto para esperar o final das aulas do curso de Pedagogia, para apanhar você e Alzira que moravam quase que vizinhas no bairro do Tirol. Ia as vezes de carro, as vezes a pé. Lembro-me de você uma menina moça, loira, correndo com Alzira, pelas largas calçadas da Avenida Hermes da Fonseca, e eu um pouco atrás, admirando a beleza e alegria daquelas duas jovens, que mais tarde Alzira seria minha esposa.

Lembro-me que no dia do meu casamento, tomei café com você aqui, no Mercado da Redinha e quando entramos, uma das locatárias foi dizendo.

– Guga como sua esposa é bonita! Eu então respondi – Não é esta não, mas, se eu pudesse casaria com as duas. Você olhou para mim, deu um sorriso e disse – Você quer apanhar antes de se casar.

Você era assim. Alegre, digna nas suas atitudes, amada pela sua família, querida pelos seus amigos, competente na sua profissão. Até no nome você foi abençoada:

Ruth – Na Bíblia uma mulher do bem.

Helena – Na mitologia grega uma rainha.

Na sua doença fostes uma guerreira, lutou até onde foi possível para continuar perto dos seus que você tanta amava, mas Deus queria que você estivesse perto dele, estirou a mão e você partiu, deixando na sua face um ar de tranquilidade.

Sabe   amiga, costumo dormir com a janela do quarto aberta, e nos últimos dias tenho visto uma estrela no céu brilhando muito, como se quisesse me falar alguma coisa. Vem a sua lembrança e acho que você não morreu. O céu ganhou mais uma estrela.

Fico por aqui dizendo: ADEUS IRMÃ ATÉ O DIA DE JUÍZO.

 

 

Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores
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