A SAGRAÇÃO DO MILAGRE –
Milagres? Existem, sim. A própria vida é um milagre, ou seja, nenhuma sabedoria humana e nenhum conhecimento científico conseguem explicação para o fenômeno. Ela, a vida, é objeto da mais profunda indagação da humanidade, um mistério. Simplesmente, a vida é.
Certamente, há pessoas que não acreditam em milagres, creditam à leis inexoráveis da natureza a autoria de qualquer fenômeno. Os céticos, algumas vezes, existem por presenciarem farsas, falsidades, mistificações, mentiras que formam vítimas.
Os Evangelhos dão conta de ter Jesus Cristo, há dois mil anos, feito curas milagrosas. Curou cegos, surdos, mudos, aleijados e endemoniados. Ressuscitou mortos e acalmou ventos, tempestade. Temos o dever de tomar como lição o seu mais humano milagre: a partilha do pão
Jesus também ensinou que, para Deus, todas as coisas são possíveis. E deu autoridade aos doze apóstolos e a setenta discípulos para realizar milagrosos sinais, demonstrativos do poder de Deus. Está em São João: quem nele crer tudo pode.
O certo é que a natureza é indiferente, atua de acordo com as suas próprias leis e não as ultrapassa. Há testemunhos de milagres, curas milagrosas, dados por pessoas de alta credibilidade. Entretanto, isso não basta para que a Igreja Católica reconheça como tal. Citemos Nossa Senhora! Das suas duas mil aparições anunciadas, apenas 16 foram reconhecidas. Entre estas estão a de Lourdes e de La Salette, na França; de Fátima, em Portugal; de Guadalupe, no México.
Na Grécia Antiga, os mistérios eram celebrações, cerimônias secretas. O mistério tem função benéfica, moral. Eram segredos ocultos para iniciados. Os rituais tinham valor mágico, espaço do sublime, que a inteligência humana não consegue entender. O entendimento se dissipa.
Todos temos a necessidade da intervenção divina, da sagração do viver.
Neste mês, foi anunciado o 70º milagre de Lourdes. Bernadette Moriau é freira, hemiplégica, havia feito quatro operações de coluna, declarada totalmente incapacitada, com o pé aleijado preso a uma braçadeira. Tomava morfina para as dores. Voltou das águas de Lourdes para o seu convento. No dia seguinte, ouviu uma voz dizendo: “tire as suas braçadeiras!”. Assim o fez e passou caminhar cinco quilômetros sem nada sentir. A comissão internacional de médicos que a examinou declarou que não há explicação para a cura “no atual estado do nosso conhecimento científico”. O milagre continua vigente.
A constatação não é nova. Dois médicos franceses, prêmios Nobel de Medicina, Alexis Carrel (1873 – 1944) e Luc Montagnier (1932) reconheceram curas milagrosas. Alexis, que era ateu, autor de “O Homem deste Desconhecido”, testemunhou a cura de uma mulher tuberculosa em estado terminal e descreveu em livro o chamado “Le Voyage de Lourdes”. Montagnier, cientista que identificou o vírus causador da Aids, demonstrou os critérios rigorosos na constatação do milagre.
 O mistério vigora em nossos dias, inclusive na grandiosidade da virtude da humana bondade.

Diógenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN

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