SAI A ROLADEIRA? –

Sábado à noite, após o último evento do segundo dia de Festival Literário, em São Miguel do Gostoso-RN, fomos explorar novos lugares, afinal a noite estava apenas começando. Juntamos um grupo de amigos escritores e tocamos rumo à rua da Xepa. Meu filho já havia sugerido que eu fosse conhecer, segundo ele, um lugar mágico e com muitas opções de barzinhos e restaurantes.

De fato, a rua da Xepa tinha seus encantos e magia. A iluminação, a decoração de cada espaço, tudo era muito aconchegante e acolhedor, cada coisa em seu lugar, as cores, os espaços e as construções dos bares e restaurantes me enchiam os olhos de beleza e encantamento. Além disso, eu estava com as melhores companhias, eu estava resolvida a não deixar nada estragar aquele momento de confraternização com meus pares. Não posso negar, havia um certo deslumbramento em mim, e isso foi o suficiente para que nada perturbasse meu êxtase pelo lugar e pelas pessoas que me são caras.

O dia tinha sido bastante movimentado, entre palestras, oficinas, cortejos e saraus poéticos, shows musicais, encontros com amigos poetas, uns que só conhecia virtualmente e outros amigos já consolidados por expedientes diversos. Ah! não faltaram as muitas poses para os retratos (“cada mergulho um flash”), os escambos e aquisições de livros, tudo devidamente registrado pelas câmeras dos celulares de plantões. As redes sociais “bombaram” com tantos poetas juntos.

Estávamos num grupo de oito pessoas, escolhemos um barzinho próximo do calçadão beira mar, vale comentar que aquele belo espaço me remeteu a uma daquelas praças interioranas, só que com uma diferença, no lugar da igreja estava o mar. Nos acomodamos numa mesa na lateral do palco, lá já tinha uma banda a todo vapor, tocando músicas juninas, instigando as pessoas a fazerem uma quadrilha improvisada. Meu filho tinha razão, o lugar era mágico.

Como de praxe, ou como queiram, para fugir um pouco da rotina, pedimos uma cerveja bem gelada, a ideia seria relaxar, tirar um pouco da exaustão do dia, confabular e dar boas risadas com o bom papo dos amigos. Pedimos sanduíches artesanais, que por sinal eram deliciosos, do tipo “comer rezando”, e tinha que ser, pois apreciar a comida e a bebida faz parte da comensalidade, dos encontros envolta da mesa, caso contrário, penso eu, morreríamos na inanição sem gosto ou prazer algum. Aí, seria nosso fim. Já imaginou a vida sem amigos, culinária e uma cerveja gelada?

Ufa! Ainda bem que temos amigos, bons lugares para conhecer, com cardápios variados e aquela cervejinha que não quer acabar nunca, e nesse ritmo, vamos pedindo a última, a saideira, a “expulsadeira” ou, como chamou a querida amiga e poeta Adélia Costa, se referindo a “definitivamente derradeira cerveja”:

– Garçom, deixa de papo e trás logo a “roladeira”!

Fiquei em “fleupas”, pensando: o que será que vem depois da roladeira?

(Aguardem cenas dos próximos capítulos, pois com Adélia é assim, o rolê é sempre improvável).

 

 

 

 

 

Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]

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