SALA DE ESPERA –

Estou eu aguardando para fazer uma ultrassonografia de tireoide, olhando o aplicativo da Amazon e pensando se já está na hora de pedir sabonete líquido quando… quando paro para observar duas senhoras na minha frente preenchendo a ficha clínica.

Normalmente estas salas são extremamente chatas por vários motivos. O primeiro é a demora. Parece não ter fim. O segundo, e mais grave!, é sermos obrigados a ouvir os áudios e vídeos de todos os celulares ao redor. E o terceiro, e mais angustiante!, é o tipo de conversa que acontece. Geralmente é uma concorrência de quem está mais doente, qual o exame mais chato, qual o médico mais conceituado. Por estes motivos, carrego sempre um livro comigo, preferencialmente divertido, pois se pararmos para observar ao nosso redor vamos afundar na tristeza.

Mas, surpreendentemente, dessa vez, as duas senhoras na minha frente estavam rindo muito e parei tudo para observar o que era tão engraçado.

E assim as gargalhadas continuaram.

E as duas se divertiam diante de todas as perguntas de uma lista incontável do prontuário.

Que bom que isto pode acontecer!

Penso em como podemos tornar tudo mais leve, com pequenas distrações, pequenas delicadezas.

Todos precisamos disso, principalmente em ambientes como este.

Ao fim do preenchimento da ficha delas vi um rapaz de boca aberta olhando as duas. Ele sorria, esquecido de seu celular, olhando as duas senhoras gargalhando em meio a medos que só elas são capazes de nos dizer…

 

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

 

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