“SANGUE NOS OLHOS” DO PT PREJUDICA LULA –
O presidente senta na mesa com os comandantes Julio Cesar de Arruda (Exército), Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).
Após a vitória sabe-se que a estabilização do seu governo dependerá do sucesso na economia e bom relacionamento militar.
Por isso, o pedido inicial de Lula aos chefes militares é que não permitam casos de politização na tropa.
Ele exigirá também punição a episódios de indisciplina e aos militares que participaram dos ataques em 8 de janeiro.
O calcanhar de Aquiles, no momento, é conter o ímpeto revanchista de petistas radicais (assemelham-se aos bolsonaristas radicais). que não se preocupam com o Brasil e desejam retaliação generalizada.
Observa-se que o radicalismo petista mostra “sangue nos olhos” e pede a “cabeça” de José Múcio, reclama do ministro Flávio Dino, quer afastar definitivamente governador do DF, “enquadrar” Alexandre Morais e vai por aí.
Esse caminho, se adotado pelo governo, é perigoso e se contrapõe a “união de todos” pregada por Lula.
Inegavelmente, o momento impõe bom senso, que é o contrário de retaliação generalizada.
As sanções podem ser aplicadas, em clima que não comprometa a estabilidade econômica, social e política do país.
Há, entretanto, corrente do PT (diz-se liderada pela presidente Hoffman) que deseja aplicações urgentes de penalidades a Bolsonaro e seus seguidores, de forma que o ex-presidente sofra o que sofreu Lula, após sair do governo.
A hora é de saber agir com tolerância e equilíbrio.
Se o governo empreender uma “caça às bruxas”, Bolsonaro e os grupos radicais que o apoiam podem se fortalecer a médio prazo
O ex-ministro Nelson Jobim pregou cautela ao comentar os atos golpistas do dia 8 em Brasília e advertiu do risco político do PT radicalizar, igualando-se ao estilo Bolsonaro.
Jobim lembrou que o resultado das urnas foi apertado e disse que a vitória foi “pequena”.
E ainda alertou para o perigo de “radicalização de uma extrema esquerda”, que hoje vê como próxima do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O “jogo está jogado”. A Constituição foi respeitada para o bem do país.
Agora, cabe ao governo Lula agir de forma que contribua para a Paz social, sem acirrar ânimos e sem estimular rebeldia.
Para isso, o seu Partido – PT – terá que olhar o interesse nacional, sem sangue nos olhos para não prejudicar o governo.
O país espera isto de quem tenha equilíbrio político e emocional.
Ney Lopes – jornalista, advogado, professor de Direito Constitucional da UFRN, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano; procurador federal, [email protected]