A Nasa divulgou nesse sábado (2) imagens de satélite que mostram uma densa camada de fumaça sobre Roraima. Segundo a agência do governo dos Estados Unidos, a fumaça acinzentada no mapa é resultado dos incêndios que atingem o estado e tem como origem a queima de pastagens e áreas agrícolas ou desmatamento de florestas tropicais.
Desde o início do ano, Roraima lidera o ranking de focos de calor no Brasil e mantém 30% de todos os focos de incêndio registrados no país, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Até este domingo (3), foram registrados 2.670 focos.
A imagem acima mostra a fumaça saindo de vários incêndios a sudoeste de Boa Vista em 22 de fevereiro de 2024, de acordo com a Nasa. O dia foi o mais crítico na medição da qualidade do ar, segundo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Reinaldo Imbrozio Barbosa.
Na ocasião, o ar da capital atingiu 82 µg em partículas de poluição PM 2.5/m3, número cinco vezes maior do que o recomendável pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na semana entre os dias 19 e 23 de fevereiro, os dias “foram péssimos para todo morador de Boa Vista”, disse o pesquisador.
A imagem foi adquirida pelo the MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) — em português espectrorradiômetro de imagem de resolução moderada no satélite “Terra” da Nasa.
“A maioria dos incêndios de manejo que você pode encontrar nesta área durante um ano normal cobririam apenas alguns quilômetros quadrados, mas estamos vendo incêndios este ano que começaram em pastagens ou florestas tropicais recentemente desmatadas e depois se espalharam pelas áreas circundantes da floresta tropical que estão queimando centenas de quilômetros quadrados”, disse Shane Coffield, pós-doutorado no Goddard Space Flight Center da Nasa.
“Estes são enormes incêndios florestais – e são devastadores para os ecossistemas e para a qualidade do ar.”
Os focos de incêndios em grande escala e intensidade são maiores pelas condições meteorológicas e climáticas da região e para a Nasa este ano não é uma exceção. No entanto, o cenário é agravado devido à combinação do período seco com o fenômeno El Niño, que desviou as chuvas da área.
“A seca também é grave porque o aquecimento global causado pelo homem adicionou calor extra à região e ajudou a criar condições onde os incêndios podem florescer e se espalhar rapidamente”, explicou a agência.
Os satélites também registraram um incêndio que queimou uma floresta tropical após escapar de uma área de pastagem, ao longo da BR-432, perto da Vila Nova Paraíso, em Caracaraí, região Sul de Roraima. O município lidera o número de focos de calor em 2024, segundo o Inpe.
As frentes de incêndio ativas aparecem em laranja e as áreas queimadas são marrons. A imagem foi registrada no dia 23 de fevereiro.
Além disso, a agência pontuou que o Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS) da Comissão Europeia estimou que os incêndios no Brasil liberaram mais de 4,1 megatons de carbono na atmosfera em fevereiro. O valor é maior do que o registrado em qualquer mês desde 2003.
Aproximadamente metade dessas emissões de carbono veio dos incêndios em Roraima, segundo a Nasa.
Boa parte do estado fica no hemisfério Norte, por isso, atualmente está na estação seca, chamada de “verão amazônico” – o período vai de outubro a março. Os meses de dezembro e janeiro são os mais secos, com registro de poucas chuvas.
Segundo o histórico de dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram registrados 4,2 milímetros de chuva em todo o mês de janeiro, 14% do esperado. Em fevereiro, choveu apenas 6,8 milímetros, 21% do esperado.
Em meio à seca no estado, que deve durar até abril, incêndios florestais consomem casas, animais e a vegetação. Além disso, com a estiagem, moradores têm ficado sem água encanada devido à seca nos reservatórios que abastecem as cidades, como é o caso de Pacaraima, ao Norte, e São Luiz, ao Sul.
O cenário fez com que o governo estadual decretasse situação de emergência em nove dos 15 municípios de Roraima. O governo federal reconheceu a emergência.
Fonte: G1
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