SATURNÁLIAS E LUPERCÁLIAS –

O tradicional Farol da Barra, em Salvador, icônico marco do carnaval brasileiro, circuito anteriormente percorrido pelos saudosos bondes soteropolitanos, no início do século XX, deixa-nos saudade e relembranças dos folguedos do Rei Momo!

Circuito da Barra, em 1910.( Salvador-BA)

O carnaval é uma festa que remonta à Antiguidade com registros mesopotâmicos e  romanos (saturnálias e lupercálias), etimologicamente a derivar de carnis levale (retirar a carne), vinculado ao jejum quaresmal, protagonizado pela Igreja, após a chegada do Rabuni.

Carnaval representa algo atávico, civilizacional, hereditário, a enfeixar os seres humanos numa extrapolação comportamental irreverente, meio ao encantamento do sexo e da alegria humana, verdadeiras transcendências das vivências.

Estudar carnaval representa um curso completo de Psicologia, Psiquiatria e outras “logias” da anima, dita celestial.

Mas voltemos aos bondes da Bond & Share, da Inglaterra, que tanto sucesso fizeram em terras tupiniquins e que continuam na terra de Fernando Pessoa a fixar a memória e a tradição, a revigorar o turismo e a cultura de Portugal.

O tilintar dos bondes tem som de magia!

Posteriormente, os bondes foram, alegoricamente, substituídos pelos “trens elétricos” de Dodô, Armandinho e Osmar, que ocuparam os espaços, transformando a capital baiana numa referência carnavalesca nacional, adicionando-o à gastronomia e ao turismo num contexto de abadás, acarajés, vatapás e muita libertinagem.

Os europeus sempre definiram o Brasil como terra do carnaval e de mulheres maravilhosas, de pele bronzeada, a representar il dolce far niente, meio a uma exuberante natureza, tudo propicio ao lazer.

Os governos se perfilharam a este interesse turístico, inclusive ao Jogo do Bicho, criação do Barão Drummond, uma contravenção com roupagem cultural, onde a ilicitude permeia os meandros do universo da pseuda legalidade brasileira.

No Brasil bicheiro tem status mandamental! Um faz de conta! Algo caricato, surreal.

Todavia, a imprensa não registra que esta nação é o segundo país de negros do mundo, depois da Nigéria; que os meios de comunicação não dizem que o Brasil detém quase 50% de analfabetos de todas as gradações; o universo televisivo não cumpre seu papel social, a mostrar que ocupamos o 59º lugar no ranking do PISA- Programa Internacional de Avaliação de Alunos, afirmando a Unesco que isto perdurará por longo tempo.

A televisão é uma concessão da União! A Constituição Federal estabelece o poder de outorga de concessão, consoante os ditames do artigo 220 e seguintes.

“A programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

Alguns países asiáticos e de outros continentes, travestidos de democráticos e obedientes à linhagem marxista, cujos dirigentes se perpetuam no poder, não permitem a ultrapassagem dos limites de seus meios de comunicação, fixados de forma estatal.

Os avanços da inteligência artificial e do desenvolvimento educacional de uma nação devem cingir-se aos ditames acima elencados, estabelecidos pela Carta Magna, bastando para tanto, que os poderes da União façam cumprir a norma constitucional, mesmo contrariando interesses de grupos econômicos, alheios à norma legal.

Esta pandemia, que se arrasta desde 2020, rompendo 2021 e cujo final os oragos médicos não ousam fixar, estabelecerá rumos incognoscíveis para a Humanidade.

Novas ondas se avizinham – meio a uma população arredia e descompromissada com as medidas profiláticas-, a gerar aglomerações lúdicas e irresponsáveis, determinantes de transmissibilidade viral e consequente mortandade populacional. Quem viver, verá!

 

 

 

 

 

 

 

 

José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília

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