SAUDADES, DONA SÍLVIA! –
O Largo do Atheneu, mais uma vez, entristeceu e se enlutou. Com pouco mais de 1 ano da perda do seu confeiteiro Odeman Miranda, agora, foi a vez de Dona Sílvia, sua esposa e sua armígera maior; figuras admiradas que conduziam com muito carinho e abnegação a Confeitaria Atheneu.
Eu a conheci na década de 1950, ainda solteira, já atuando no ramo comercial. Integrava e atendia em uma Mercearia em frente ao Grupo Escolar Áurea Barros, na rua Afonso Pena, esquina com a rua Açu, Tirol, onde terminei o meu curso primário. Uma figura sempre alegre, atenciosa e que tratava todos com muito apreço.
O tempo passou, fui fazer o meu curso ginasial no Colégio Estadual do Atheneu Norte-Riograndense, onde passei a frequentar com assiduidade a Confeitaria Atheneu, que atendia na esquina da rua Seridó com a Claúdio Machado, bairro de Petrópolis, já capitaneada pelo casal. Teve mudanças em sua trajetória de localização. Hoje, definitivamente fixada na rua Seridó, número 515.
Dona Sílvia tinha a Confeitaria como a sua segunda residência, era lá que recebia visitas de suas amigas, suas irmãs, que, nas tardes calmas, ainda sem muito movimento, jogavam conversa fora, relembrando as coisas boas e saudáveis da vida.
Mesmo quando adoecia, pedia que suas filhas a deixassem lá. Não se habituava ficar em casa, pois achava que piorava se não fosse para a Confeitaria. Em casa, ficava ligando e perguntando se os clientes conhecidos já tinham chegado — recomendava ela: “Não esqueça que a paçoca de Dr. Berilo não leva manteiga do sertão”. Não perdia a oportunidade de sempre mandar lembranças para os seus clientes amigos. Era o seu jeito incomparável de ser e de servir. Tratava todos pelo nome e já conhecia as suas preferências. Se preocupava muito quando percebia que o seu cliente se excedia nas doses de uísque ou nos copos de cerveja, a ponto de diminuir o ritmo no atendimento e de logo procurar alguém para conduzi-lo até em sua residência . Assim era Dona Sílvia, sempre preocupada com o bem-estar dos seus amigos clientes, deixando de lado a visão lucrativa, atitude de pura afeição e carinho que somente ela sabia tão bem fazer.
Partiu, nos deixou. Seguiu caminho para o mundo desconhecido. Foi ao encontro do seu amor e parceiro maior – Odeman, que juntos deixaram para trás um tesouro familiar e uma rica e numerosa legião de clientes e amigos.
Saudades, Dona Sílvia!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – [email protected]
Valeu Berilo pela lembrança, tabem estudei no Ateneu. E era frequentador aos sábados da Confeitaria. É como você disse ela foi se encontrar com Neuman
Querido amigo Berilo:
Faço minhas suas belas palavras sobre minha miga Sílvia.
Deixou saudades em todo nós.
Abraço.