SAÚDE, PRESIDENTE! –
Há muito tempo que a Saúde Pública brasileira encontra-se em estado de letargia comatosa. As provas são bem evidentes: o retorno de doenças antes erradicadas ou controladas, como a sífilis, a febre amarela, o sarampo, a tuberculose pulmonar, as doenças virais (dengue, zica e chikungunya), a síndrome respiratória aguda, que estão assombrando e matando muita gente. Os programas de medicina preventiva estão ficando no esquecimento e não são mais executados.
As tabelas de remuneração dos procedimentos oferecidos pela rede pública de saúde aos seus prestadores são aviltantes, o que tem desestimulado fortemente toda a cadeia credenciada. E tem mais, não sofrem nem o reajuste ou alinhamento, em suas tabelas, com as mínimas correções anuais da inflação. Fato que tem provocado o sucateamento dos serviços oferecidos e, por efeito cascata, atinge frontalmente seu produto final: o sofrido paciente.
As filas para uma simples consulta, um exame laboratorial, um exame de imagem, uma cirurgia eletiva, têm se transformado em verdadeiras batalhas, cruéis e invencíveis. Os corredores dos hospitais e maternidades estão sempre abarrotados de pacientes em leitos improvisados e até no chão frio. Partos realizados em corredores de maternidades, ou em UPAs, têm sido vistos de maneira corriqueira em todo território nacional. É triste, muito triste. É o retrato negro e desumano da nossa saúde pública.
Vivemos um momento muito importante e de muita expectativa no país. Esperamos mudanças, e que elas venham para colocar o Brasil em seu verdadeiro lugar, com ordem, progresso e dignidade ao ser humano.
O país está falido e a Saúde Pública encontra-se em seu colo.
Só resta a nós, verdadeiros brasileiros, a esperança de recuperá-lo. Precisamos acreditar e ajudar o novo governo que tomará posse em janeiro do próximo ano.
Mostrar e discutir uma nova e eficiente Saúde Pública. Que venha com uma gestão desvinculada da política partidária; desburocratizada ( que os repasses mensais sejam feitos como era antes, diretamente na conta das clínicas, evitando que o Governos Estaduais ou Municipais prendam e retardem os pagamentos); que a distribuição médica atenda todo território nacional; que o profissional de saúde tenha um tratamento justo e digno; que seja criada a carreira funcional do médico, semelhante à carreira jurídica; que sejam criados polos regionais de saúde, com hospitais munidos de infraestrutura capaz de resolver grande parte dos problemas de saúde da população local e adjacências; que sejam oferecidos cursos de reciclagem periódicos aos médicos de carreira; que o governo passe a ser um verdadeiro, bom e fiel parceiro com seus colaboradores; que suas tabelas de procedimentos sejam atualizadas anualmente; que acabe, de uma vez por todas, os mutirões midiáticos usados pelos políticos em vésperas de eleições.
Assim sendo, acreditamos que sairemos desse coma virótico induzido, que paralisou a Saúde Pública brasileira nestas duas últimas décadas.
Presidente, saúde para nossa Saúde Pública!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – [email protected]