“O que importa, para as pessoas, é saber que elas terão a sua segunda dose garantida. É pra isso que nós estamos trabalhando”. A frase foi do secretário de Saúde de Natal, George Antunes, em entrevista à Inter TV Cabugi nessa quinta-feira (22), após Natal suspender a aplicação da segunda dose de CoronaVac na segunda-feira (19), pela segunda vez, por falta de estoque. Até o momento, não houve reposição e já há pessoas que ultrapassaram o prazo de 28 dias – data limite estipulada pelo fabricante para eficácia da vacina – entre a primeira a segunda aplicação.
Como conseguir a quantidade de doses necessárias para garantir essa imunização da dose de reforço não foi explicada pelo secretário. Segundo George Antunes, a pasta conta com a possibilidade da chegada do novo lote na sexta. Além disso, ele explicou que houve uma reunião para negociar o uso de parte da reserva técnica do estado para a aplicação da segunda dose de CoronaVac na capital potiguar. O Estado, no entanto, não confirmou a cessão de parte da reserva técnica até o fechamento desta matéria.
“Nós chegamos à conclusão de que há um déficit, sim. Precisamos repor. Inclusive foi ocasionado também pelas doses que vieram faltando em alguns frascos do Ministério da Saúde”, explicou o secretário.
O secretário participou nesta quinta-feira de uma reunião extraordinária na Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social na Câmara Municipal de Natal ao lado do secretário estadual de Saúde, Cipriano Maia.
Durante a reunião, ele disse que mesmo quem ultrapassou os 28 dias deve tomar a vacina. “Devem, sim, tomar a segunda dose. Não existe repetir a vacinação. Pode tomar com toda a segurança a segunda dose”, falou o secretário.
O secretário George Antunes pontuou ainda que há a possibilidade até de avançar na faixa etária no sábado. “Essas doses somadas às que vamos receber, mesmo sendo poucas, nós temos condições de voltar a vacinar a segunda dose para aqueles que têm a sua data dos 28 dias já expirada”, disse o secretário.
Na reunião, George Antunes aproveitou para apontar que o problema principal está na quantidade de vacinas que chegam à capital potiguar. “Eu disse desde o início que nós temos um problema central, que se chama Ministério da Saúde, que não conseguiu fazer adequadamente do ponto de vista de aquisição e distribuição de vacinas, de modo que estados e municípios sofrem. Esses problemas que estão acontecendo aqui, a gente vê no país todinho”, disse.
Ele citou que o desabastecimento tem sido corriqueiro em outras cidades do Brasil também. “Exatamente porque as quantidades que vem para os estados são muito aquém do necessário”.
Sobre as reservas técnicas, o secretário estadual de Saúde, Cipriano Maia, explicou que a regra de utilização é preconizada pelo Ministério da Saúde no Plano Nacional de Imunização (PNI) e que não é decisão específica do governo do RN.
“Ocorrendo perdas em qualquer município, o estado replica a distribuição. Seja por faltar energia, seja porque quebrou alguns frascos. Agora, recentemente, com essa denúncia de que muitos frascos não tinham dez doses, nós tivemos que repor mais de 3 mil doses”, explicou.
“A destinação dessa reserva técnica tem que seguir os critérios do PNI e as faixas etárias. A reserva técnica, nós vamos até usar uma parte dela, mas não podemos usar toda, que seria irresponsável, porque pode ter uma queda de energia, como houve no hospital em Natal, mesmo não sendo culpa do município, mas aí pode se perder uma vacina. O município e a população vão ficar sem vacinação? Então, 50% a gente vai usar para situações emergenciais e a outra para adicionar vacinas a municípios que tem a população subestimada no no IBGE”, pontuou.
No caso da CoronaVac, a aplicação deve acontecer entre 14 e 28 dias, segundo o fabricante. Entre 21 e 28 dias, um estudo indicou que há um aumento na eficácia do imunizante, que sobe de 50% para 62%. Caso esse prazo seja ultrapassado, não há estudo que confirme a eficácia.
“A gente não tem estudo sobre quanto tempo mais, a vacina terá efeito, além dos 28 dias. Quando a gente recebe a primeira dose, o sistema está sendo estimulando, sendo acordado para produzir anticorpos, e as células precisam ser reestimuladas para ficarem acordadas, ou morrem. Pela nossa experiência sobre o sistema imunológico, é possível postergar por uma uma semana, 10 dias no máximo 15 dias, mas isso é esticando a corda, porque depois do prazo do estudo, gente não tem segurança”, explicou a professora da UFRN, Janeusa Souto, que é doutora em imunologia básica, ao G1 no dia 6 de abril.
Fonte: G1RN
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