Crianças que moram no conjunto habitacional Village de Prata, na Zona Oeste de Natal, precisam caminhar por cerca de três quilômetros, atravessando uma área de mata e até um córrego, para chegar à escola.
Essa é a realidade desde que a linha de ônibus que atendia a comunidade deixou de passar no local, em março, por causa dos ataques criminosos que ocorreram no estado.
A linha 587, que fazia o trajeto circular até o terminal do bairro Guarapes, foi retirada de circulação. Cerca de 7 mil pessoas moram no local e estão sem o serviço.
Algumas crianças que estudam em escolas mais distantes ainda contam com o transporte escolar. Porém, as demais precisam fazer caminhadas para conseguir estudar no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Marilanda Bezerra ou à Escola Municipal Francisco de Assis Varela Cavalcante.
Entre os estudantes, há crianças pequenas, como o Levy, de 5 anos de idade, filho de Ana Paula Mendonça. Ele estuda no CMEI.
“É matagal, é lixo, em tempo de acontecer algo com essas crianças. Um perigo para todos”, relata Ana Paula.
A caminhada é repleta de obstáculos. Para chegar, os estudantes começam a caminhada por área de mata. Pelo local, eles conseguem cortar caminho e reduzir o tempo de trajeto para cerca de 30 minutos. Cerca de 50 estudantes fazem o caminho diariamente.
Pelo trajeto de cerca de 3 km há muito lixo. O chão batido é repleto de fissuras. Os estudantes precisam prestar atenção. Eles relatam já terem sofrido acidentes no meio do caminho e que precisaram assistir aula com a farda suja.
“Todo dia fazemos essa caminhada para chegar na escola. As vezes a diretora libera mais cedo para a gente não voltar para casa no escuro”, diz Lilian Bezerra, de 14 anos.
A secretária de mobilidade de Natal, Daliana Bandeira, diz que a linha foi “devolvida” pela empresa que era responsável pelo trajeto.
“A gente já tinha dificuldade de atendimento nessa região e agora com a devolução dessa linha circular o problema se agrava mais ainda. A gente sempre tenta, através da empresa que operava, que ela retorne esse atendimento. Outra opção que a gente tem no momento é verificar outra linha ativa e que possa ter seu itinerário adequado também para fazer o atendimento. Estamos buscando uma solução para que o atendimento retorne”, afirmou a secretária.
Moradores também reclamam de outras linhas, como a 38 e a 40. A secretária afirma que há tratativas com a empresa e representantes da população para se chegar a uma solução. Daliana afirmou que as linhas são sociais – ou seja – deficitárias, porém importantes para atender à necessidade da população local.
A Secretaria de Educação da capital disse que foi notificada na última segunda-feira (10), sobre a situação dos alunos da Escola Municipal Francisco de Assis Varela Cavalcante e enviou ofício à instituição para solicitar informações, a fim de garantir o transporte dos alunos.
Fonte: G1RN